Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

24 julho 2009

Olhares (5)

Quatro das dezassete mais recentes inclusões na minha galeria do Olhares.

Verde de São Miguel

Alcochete II

Maré baixa II

Olhares

23 julho 2009

Há gripe, há...

Em vez de andar a distribuir mails de credibilidade duvidosa, o melhor mesmo é ir buscar a informação correcta e actual onde ela está. Recomendo, é bom contra a Gripe A e contra a histeria: Portal da Saúde. É actualizado diariamente e tem muita informação adicional. Esqueçam os boatos, os mails brasileiros e as recomendações do Dr. Não-Sei-Quantos que se calhar nem existe.

20 julho 2009

Banquetes de Platão III


«Nas tardes em que havia "banquete de Platão" (que assim denominávamos essas festas de trufas e ideias gerais)» (QUEIRÓS, Eça de - Civilização)

Quase dois anos depois da última receita apresentada n'A biblioteca de Jacinto, eis que me decido a publicar mais uma. Desta vez é um risotto que preparei para acompanhar filetes de linguado. Como de costume, fui inventando à medida que fazia...

RISOTTO DE LIMÃO E CEBOLINHO

Eu faço tudo a olho, por isso, não dou quantidades. Aprendi com a experiência que um risotto, para ser mesmo um risotto, deve ser feito com o arroz apropriado, ou seja, o arroz arbóreo, de bagos grandes, redondos e duros, mais semelhantes a gravilha do que a arroz.

Meia caneca de arroz dá para duas pessoas mas há que ter em atenção que este arroz incha menos que o carolino logo, também rende menos.

Aquece-se um pouco de azeite e alho num tacho e frita-se nele o arroz. Quando o arroz está bem impregnado do azeite, refresca-se com um pouco de vinho branco e deixa-se absorver.
Entretanto tem-se ao lume (ou no microondas) caldo de legumes a ferver com cascas de limão.

Como mandam as regras, o risotto deve ser feito lentamente, mexendo sempre, em lume brando ou médio mas sem nunca baixar do estado de ebulição. As bolhinhas à superfície têm de estar sempre presentes.

Para não quebrar a ebulição, o caldo que se vai juntando deve estar mesmo a ferver. Lentamente, mexendo sempre, vai-se acrescentando caldo fervente à medida que o arroz absorve. Para meia caneca de arroz, deitei três canecas de caldo o que dá uma proporção muito superior à habitual. Com a última porção de caldo, quando o arroz está quase pronto, adiciona-se cebolinho picado. Deixa-se quase absorver (mas tem de ficar húmido) e está pronto. É excelente para acompanhar filetes.

15 julho 2009

Doação do espólio de Santiago Kastner à Biblioteca Nacional de Portugal

Hoje, pelas 15h30, terá lugar a assinatura do Termo de Doação do Espólio de Santiago Kastner à Biblioteca Nacional de Portugal.

«Macario Santiago Kastner (1908-1992), musicólogo, instrumentista, professor, conferencista, crítico; nasceu em Londres e aí iniciou os seus estudos musicais. Posteriormente estudou cravo e piano na Holanda e na Alemanha, e ainda Musicologia e construção de instrumentos de tecla. A partir de 1929 instalou-se em Barcelona, prosseguindo os estudos de Musicologia com Higino Anglès e de instrumentos de tecla (piano, cravo e clavicórdio) com Joan Gilbert Camins. O seu interesse pela Música Antiga portuguesa trouxe-o a Portugal em 1934, aqui se radicando até à sua morte.

Inicialmente, a sua actividade em Portugal desenvolveu-se sobretudo como concertista e investigador; em 1947 foi nomeado professor do Conservatório Nacional, onde dirigiu, até 1984, as classes de Clavicórdio, de Interpretação de Música Antiga e, ainda, as de Cravo e História da Música. Com ele trabalharam muitos músicos ainda hoje activos (instrumentistas e cantores), em quem soube despertar o interesse pela recuperação e interpretação da música antiga. A sua actividade pedagógica estendeu-se a Espanha, onde foi também colaborador permanente do Instituto Espanhol de Musicologia (Barcelona), participando ainda em júris de exame em instituições portuguesas e estrangeiras.

Como conferencista, apresentou-se um pouco por toda a Europa, podendo referir-se a sua participação nas comemorações do quarto centenário da impressão da obra de Francisco Salinas (1513-1590), em Salamanca. Recebeu convites para leccionar em Universidades nos EUA e na África do Sul. O seu reconhecimento internacional levou a que fosse chamado a colaborar nas mais prestigiadas publicações científicas e de divulgação musicológica.

Como concertista, apresentou-se em recitais e em gravações para a rádio e televisão de diversos países europeus. Mas se o seu interesse se centrava na música para tecla, não deixou de lado o repertório renascentista, maneirista e barroco para instrumentos de sopro, para o que fundou e dirigiu o grupo de câmara Menestréis de Lisboa, com o qual se apresentou em Portugal e no estrangeiro.

Kastner deixou uma vasta produção científica que vai das edições críticas de obras para tecla de autores ibéricos a um estudo sobre Carlos Seixas, no qual se interessou, mais do que traçar uma biografia do compositor, em averiguar a questão ‘Seixas dentro da música europeia’, sendo mais tarde responsável pela edição crítica das 80 Sonatas deste autor.

O reconhecimento pelo trabalho de Santiago Kastner em prol da Musicologia e da Música Antiga ibéricas teve o devido reconhecimento ainda em vida, recebendo diversas homenagens e condecorações. Ainda no ano da sua morte foi publicada a obra Livro de homenagem a Macario Santiago Kastner (FCG, 1992).

O espólio agora doado à BNP por dois dos seus alunos mais próximos, os Professores Rui Vieira Nery e Manuel Morais, é constituído por correspondência profissional; publicações periódicas, textos soltos, recortes com críticas e crónicas da autoria de Santiago Kastner; documentos pessoais, fotografias, programas e críticas a concertos por ele realizados, cobrindo a sua actividade entre 1931 e 1992.»
(Fonte: Sítio Web da BNP

Retratos à Sexta - e o futuro?

Na sexta-feira passada participei na última sessão da série Retratos à Sexta, subordinada nesse dia ao tema «O Futuro». Foi uma noite longa que eu acompanhei desde as onze e meia até para lá das quatro, com uma afluência ainda maior do que a habitual, talvez por esta sessão ter sido anunciada como a última.
Depois deste período estival, aguardo pelas ideias novas com que o Fabrice nos irá, certamente, surpreender.
Até lá fiquem com o resultado. Eu estou por lá, em vários momentos.
Se quiserem, podem também ver as outras duas sessões em que participei: «I have a dream» e «Vaidade».

06 julho 2009

Pôr-de-Sol


Pôr de Sol na Ericeira, no final de um dia muito feliz.

Aos 97 anos

Há dois anos e meio escrevi aqui sobre o recente blogue de uma idosa, então com 95 anos, a quem o neto oferecera pelo aniversário... um blogue.
Fala-se muito dos malefícios sociais da internet, do isolamento que provoca, mas este é um caso paradigmático do contrário. Esta senhora, residente em Muxía, pequena povoação da Galiza onde nascera em 1911, tornou-se em pouco tempo um fenómeno de sucesso sem efeitos perversos. Continuando a residir calmamente na sua casa, rodeada do carinho da família, durante dois anos e meio foi conhecida e lida em todo o mundo, descobriu realidades que lhe eram totalmente estranhas, recebeu 1812016 visitas no seu blogue, dos 5 continentes, e mensagens de todo o mundo às quais respondeu sempre com simpatia, foi encorajada quando esteve doente, recebeu felicitações quando foi bisavó, viajou até ao Brasil e contou as suas impressões no seu blogue. Tudo isto graças ao acompanhamento e apoio de um neto exemplar que discretamente, sem aparecer nunca, foi digitando com paciência tudo o que ela lhe ditava em plena liberdade. Escreveu que «Mis blogueros son la alegría de mi vejez».
Teve uma vida feliz até ao último dia, no passado 20 de Maio. Não podia deixar de a referir aqui, não como um fenómeno de popularidade ou mediatismo mas como um exemplo de vontade, de gosto pela vida, de família e, sempre, de uma grande simplicidade.
Descanse em paz, Aboiña.

03 julho 2009

Verdade observável

Sempre que oiço alguém apontar um defeito generalizado aos portugueses, exclui-se desse defeito dizendo «Isto é um país de... (aldrabões, oportunistas)».

Sempre que oiço alguém apontar uma virtude generalizada aos portugueses, inclui-se nessa virtude dizendo «Nós somos... (hospitaleiros, desenrascados, etc.)».

Um pormenor de linguagem que faz toda a diferença.