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28 setembro 2006

Eles ganharam, Herculano, eles ganharam...

«Que se apresse aquele que quiser guardar alguns fragmentos do passado para as saudades do futuro; (...) porque esses rastos de antepassados que o tempo e os incêndios e os terramotos nos deixaram, não no-los deixará o descrer brutal deste século (...).
(...)
«Se eu fosse rico, iria comprar a capelinha, iria comprar o pardieiro onde houvesse a ombreira gótica; os homens do progresso vender-me-iam isso tudo porque havia de enganá-los; porque haveria de prometer-lhes que converteria aquela em lupanar; este em casa de câmbio.
«Depois eu, (...) livrá-las-ia dos olhos dos que hoje tudo podem e tudo ousam e (...) neste quinto império de mentecaptos dissertadores e mechediços, só aos poetas, aos que ainda crêem na arte e em Deus, revelaria a existência do meu tesouro escondido.
«Mas eu, que não sou abastado, que posso fazer? Ajuntar uma assinatura desconhecida ao protesto lavrado pelos homens de entendimento e virtude contra a barbária do século, para que os meus restos esquecidos não sejam inquietados pelas maldições dos vindouros.»
(Herculano, Alexandre - O monge de Císter)

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