Uma coisa é perceber uma língua estrangeira, outra, bem diferente, é traduzi-la. Para traduzir uma língua não basta conhecer essa língua, é necessário dominar a língua da tradução. Como há cada vez menos gente a saber português, designadamente no meio jornalístico ( mas não só), têm aparecido nas últimas décadas umas modernices de linguagem que me irritam particularmente.
Uma delas é "serviços de inteligência" que ocorre em substituição dos velhinhos "serviços secretos" ou dos "serviços de informação". Não. Agora a moda é dizer "serviços de inteligência". Fui espreitar o Lello. Nada. Inteligência só com o sentido que a gente conhece. Fui ver o Huaiss. Já lá aparece, claro, mas como anglicismo. Palavrinha importada do inglês, por tradução directa. O que é, no mínimo, idiota. Porque a raiz é latina, porque em inglês a evolução semântica foi outra e porque é idiota ir a uma língua não latina buscar um termo de raiz latina, que nós também temos, e adoptá-lo com o sentido deles e não com o nosso.
E que tal um bocadinho mais de inteligência, ao escrever na língua de Camões?
30 abril 2007
Modernices de linguagem: Inteligência
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
3 comentários:
Concordo inteiramente consigo!
Chamo-me Fátima Tavares, tenho 50 anos e não tenho qualquer formação académica de nível superior. O que sei de linguas aprendi no liceu (ainda sou do tempo dos Liceus!), no curso de secretariado e depois em 23 anos de trabalho de correspondente em línguas estrangeiras na Cometna ... mas não faz ideia do que me exasperam estas
"modernices" de linguagem.
Aceito perfeitamente a evolução das línguas vivas mas acho que isto não tem nada a ver! e esta coisa da "inteligência" usada como tradução no sentido de serviço secreto também é das que mais me irrita ...
Todos os professores de línguas que tive me ensinaram que traduzir para português, não era apenas "trocar" as palavras estrangeiras por palavras equivalentes portuguesas.
A ideia expressa em língua estrangeira teria que ser apresentada em "Língua Portuguesa", usando os nossos próprios termos e estruturas.
Provavelmente a culpa é mesmo da falta de conhecimento da nossa língua ... o que, na minha pobre opinião, é assaz preocupante.
Foi um desabafo !!!
Um abraço
Fátima
Fátima, tem toda a razão. Obrigada pelo seu comentário. Volte sempre!
Clara,
Aí vai um beijinho do Carranca
carlosacarranca@hotmail.com
Enviar um comentário