Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

07 maio 2007

Der Vogelfänger Bin Ich Ja

Apesar de os cantores de ópera não se quererem bonitos mas sim bons cantores, a coisa fica sempre mais credível quando o embrulho coincide com a prenda. Lembro-me sempre de uma ida a São Carlos, para ouvir (sim, fiquei cá em cima e não vi quase nada, só ouvi) a Turandot. O rapaz da fita passa todo o primeiro acto a elogiar a beleza estonteante da princesa Turandot pela qual está disposto a arriscar o pescoço. A dita princesa, de dotes físicos inigualáveis, só aparece à boca de cena no segundo acto: aquilo não era uma mulher, aquilo era um planeta, um autêntico Saturno, com anéis e tudo, que rodava, oscilava e trasladava pelo palco, seguida pelo seu satélite/admirador literalmente cego de paixão.

É raro as pobres sopranos, que são fatalmente a rapariga da fita, terem dotes físicos dignos das personagens que encarnam e o mesmo sucede com os tenores. Talvez por isso, eu costume gostar muito mais das personagens masculinas secundárias, isto no que diz respeito aos atributos não vocais, claro. Por alguma razão que eu não consigo desvendar, os barítonos são quase sempre mais giros que os tenores. Além de uma voz de barítono ser mesmo sempre mais sensual. Quando uma personagem simpática é interpretada por uma boa figura dotada de uma das mais belas vozes de barítono, não há como hesitar: Papageno é Hermann Prey. Para mim, O Papageno. The one.


MOZART, W. A. - Die zauberflöte. Ária «Der Vogelfänger Bin Ich Ja»

2 comentários:

Teresa disse...

Pois é, Clara...

Gostos musicais muito parecidos e opiniões muito concordantes :)

Um beijinho.

Teresa disse...

P.S. E a (não tão) incrível coincidência de a ária ter sido alojada por mim. Messalina, o meu nickname na goear.com é a linda menina que aparece aqui ao lado, no meu perfil...