Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

25 setembro 2008

Modernices de linguagem: Mandatório

"Mandatório" (do inglês mandatory) em vez de imperativo ou obrigatório. Este caso é mais grave, uma vez que "mandatório" nem sequer existe em português (vd. Houaiss).

13 comentários:

Orlando Braga disse...

Existe "mandatário", que é um substantivo; o "mandatário" é alguém que é "mandado" por outrem, e aqui assume um significado de "obrigado" ou "coagido".
Porém, se em vez de "mandatório" utilizassem "mandatário" -- por exemplo: "A lei da república é mandatária" -- não estaria incorrecto.

Anónimo disse...

A mania de adoptar estrangeirismos, torna-os no mínimo ridículos.

Nunca ouvi tal palavra, só pode ser engano na escrirta ou piada de mau gosto.

José Quintela Soares disse...

Também gosto muito dos "pacientes" dos médicos portugueses...são pessoas que têm paciência, seguramente...

Professor disse...

Amiga, peço perdão por só hoje agradecer a visita e os parabéns que gentilmente deixou ficar, já há uns dias, no meu blogue.
Muito obrigado!
Que continuemos a acumulá-los e a ter vontade de escrever os textos que nos aprazem e nos distraem neste vale encantado da tele-comunicação.

Paula Crespo disse...

Este caso é mais um que nos chega do universo das empresas, fonte inesgotável de estrangeirismos, muitas vezes mal adaptados. Esquecem-se, os pretensos yuppies, que existem vocábulos portugueses que exprimem, muito melhor, o que querem dizer, coitados...

P.S.: Outra palavra com que embirro é "incontornável", porque é sempre mal utilizada. Ah, já agora, mais outra expressão: o "bom rigor": será que existe um "mau rigor"???...

Orlando Braga disse...

Essa coisa do "bom rigor" é tautologia, como é a "certeza absoluta"; pode-se ter certeza sem ser absoluta? Existe uma certeza relativa?

manuel cardoso disse...

De certeza absoluta que será incontornável que a palavra "mandatório" um dia figurará nos nossos dicionários... para já faz parte das pérolas de asneiras em português (pérolas falsas, já se vê!).

Anónimo disse...

E RECEPCIONAR...? Hem?... Que me dizem de RECEPCIONAR? Notável, não?
Mas, desde que descobri, no dicionário da PORTO EDITORA, 8ª edição, PRESIDENTA como feminino de Presidente... bem, acho que estamos a ser vencidos pelo akordo ortugráfiku mais facilmente do que imagináramos.

Orlando Braga disse...

"Recepcionar" existe no Dicionário Moderno de Língua Portuguesa Michaelis.

Anónimo disse...

Claro que existe RECEPCIONAR. Pois se até PRESIDENTA existe...! A questão não é se existe no dicionário. Se a questão fosse essa, então a discussão sobre o acordo ortográfico perderia todo o sentido: a partir do momento em que "existe" a palavra, não se questiona mais. O ponto é saber se é aceitável substituir livremente o verbo RECEBER pelo verbo RECEPCIONAR. Creio que não. Creio mesmo que se trata de uma corrupção da língua. Já agora, por falar em corrupção, aquele que pratica a corrupção, corrompe ou... CORRUPCIONA?...

Orlando Braga disse...

Vamos lá ver:

1.Se um bom dicionário ― que ainda não esteja adaptado ao novo acordo ortográfico ― inclui uma determinada palavra, é porque a palavra é correcta e existe em bom português. Se isto não for verdade, a verdade da língua não existe, e portanto, estamos todos no domínio do absurdo.
2.No caso de “presidenta” estamos em presença da feminização dos substantivos, que vem por via popular e não por via erudita ou etimológica. Esta tendência está directamente relacionada com o politicamente correcto e com o feminismo. Neste caso, não é aconselhável a sua utilização.
3.No caso de “recepcionar” (de “recepção”) , dá-se o mesmo com “percepcionado” (de “percepção”), isto é, existem derivações etimológicas semelhantes na língua ― não é caso único, nem recente, nem politicamente correcto.
4.No caso do substantivo “corrupção” (do latim corruptĭo), a evolução semântica da língua alterou a conjugação do verbo (“corromper”), e é por isso que “corrupcionar” não é correcto. Porém, o verbo “percepcionar” não sofreu a mesma alteração semântica na língua, o que faz a diferença e torna o termo correcto.

Anónimo disse...

"Se um bom dicionário ― que ainda não esteja adaptado ao novo acordo ortográfico ― inclui uma determinada palavra, é porque a palavra é correcta e existe em bom português. Se isto não for verdade, a verdade da língua não existe, e portanto, estamos todos no domínio do absurdo."
Orlando,
curiosamente, PRESIDENTA consta num dicionário que até goza de boa fama e onde não existe RECEPCIONAR. Ou, melhor, não existia naquela edição. Provavelmente, já estará em actualização. E veremos se CORRUPCIONAR tem, ou não, campo para progredir...
Quanto à tal evolução da língua, recordo que a palavra em causa é demasiadamente recente para ter estribo directo em tão vetusto latim (sem prejuízo de ser exacta a análise que efectuou). É, tão-somente, um problema de moda. Não é o politicamente correcto em acção. Será, porventura, o socialmente correcto? Não sei, não tenho a certeza, nem relativa, nem absoluta. Provavelmente, toda a certeza pertence "ao domínio do absurdo".

Fernando disse...

Mandatório vem do latim "mandatarius", fazer ser, obrigar.

A esse propósito, quase 80% do vocabulário da lingua inglesa deriva do latim.