Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

14 agosto 2009

O acordo ortográfico e o futuro da língua portuguesa

Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e acompanhando a forma como as pessoas realmente falam. Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros.

Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.
É um fato que não se pronunciam. Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se? O que estão lá a fazer? Aliás, o qe estão lá a fazer? Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade.

Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra.
Porqe é qe “assunção” se escreve com “ç” e “ascensão” se escreve com “s”?
Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome. Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o “ç”.
Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o “ç” e o substitua por um simples “s” o qual passaria a ter um único som.

Como consequência, também os “ss” deixariam de ser nesesários já qe um “s” se pasará a ler sempre e apenas “s”.
Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas, designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar. Claro, “uzar”, é isso mesmo, se o “s” pasar a ter sempre o som de “s” o som “z” pasará a ser sempre reprezentado por um “z”.
Simples não é? se o som é “s”, escreve-se sempre com s. Se o som é “z” escreve-se sempre com “z”.

Quanto ao “c” (que se diz “cê” mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de “q”) pode, com vantagem, ser substituído pelo “q”. Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras. Nada de “k”.

Não pensem qe me esqesi do som “ch”.
O som “ch” pasa a ser reprezentado pela letra “x”. Alguém dix “csix” para dezinar o “x”? Ninguém, pois não? O “x” xama-se “xis”. Poix é iso mexmo qe fiqa.

Qomo podem ver, já eliminámox o “c”, o “h”, o “p” e o “u” inúteix, a tripla leitura da letra “s” e também a tripla leitura da letra “x”.

Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex. Não, não leiam “simpléqs”, leiam simplex. O som “qs” pasa a ser exqrito “qs” u qe é muito maix qonforme à leitura natural.

No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente.

Vejamox o qaso do som “j”. Umax vezex excrevemox exte som qom “j” outrax vezex qom “g”. Para qê qomplicar?!?
Se uzarmox sempre o “j” para o som “j” não presizamox do “u” a segir à letra “g” poix exta terá, sempre, o som “g” e nunqa o som “j”. Serto? Maix uma letra muda qe eliminamox.

É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem! Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex? Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?

Outro problema é o dox asentox. Ox asentox só qompliqam!
Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox.

A qextão a qoloqar é: á alternativa? Se não ouver alternativa, pasiênsia.

É o qazo da letra “a”. Umax vezex lê-se “á”, aberto, outrax vezex lê-se “â”, fexado. Nada a fazer.

Max, em outrox qazos, á alternativax.
Vejamox o “o”: umax vezex lê-se “ó”, outrax vezex lê-se “u” e outrax, ainda, lê-se “ô”. Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso! Para qe é qe temux o “u”? Para u uzar, não? Se u som “u” pasar a ser sempre reprezentado pela letra “u” fiqa tudo tão maix fásil! Pur seu lado, u “o” pasa a suar sempre “ó”, tornandu até dexnesesáriu u asentu.

Já nu qazu da letra “e”, também pudemux fazer alguma qoiza: quandu soa “é”, abertu, pudemux usar u “e”. U mexmu para u som “ê”. Max quandu u “e” se lê “i”, deverá ser subxtituídu pelu “i”. I naqelex qazux em qe u “e” se lê “â” deve ser subxtituidu pelu “a”.
Sempre. Simplex i sem qompliqasõex.

Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u “til” subxtituindu, nus ditongux, “ão” pur “aum”, “ães” – ou melhor “ãix” - pur “ainx” i “õix” pur “oinx”.
Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.

Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu mundu.

Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?

126 comentários:

Roseli Venancio Pedroso disse...

Minha cara colega de profissão,
Adorei sua exposição com relação a esse acordo ortográfico. Apesar de brasileira, estou em acordo com vocês portugueses. Não concordo com essa reforma até mesmo porque, ninguém foi consultado a respeito disso. Também sou blogueira e não tenho me preocupado com essa questão. A língua, apesar das diferenças existentes emcada país, é perfeitamente compreensível. Leio livros de Saramago, de Mia Couto,de Miguel Souza Tavares, de Inês Pedrosa e não tive problema algum em compreender. Parabéns pelo texto criativo, bem humorado sem deixar de lado a crítica, que dga-se de passagem, é pertinente. Estarei sempre por aqui. Se desejar conhecer meu blog, esteja a vontade. Terei o maior prazer em recebê-la.
Abraço,
Roseli

Jorge Afonso disse...

Desta vez excedeste-te ... Mas não foste longe de mais!

clique documental disse...

Olá, tudo na vida tem dois lados.
Irei apontar os aspectos positivos da reforma, de acordo com o que já estudei até hoje. Porque não sou boa em Portugues, minha área é CI.

A nova reforma ortográfica possibilita:

- redução dos custos de produção e adaptação de livros;

- facilitação na aprendizagem da língua pelos estrangeiros;

- simplificação de algumas regras ortográficas.


Devomos nos adaptar! Quebrar paradigmas é bom!!!


bjos

JPG disse...

Espantosa demonstração do absurdo que o AO corporiza, levando ao extremo os pressupostos que o "sustentam". Texto com seu quê de Ionescu mas também com algo de Kafka; ou seja, no fundo, as duas formas desse mesmo absurdo.

PJA disse...

Tenho de reconhecer que este texto é do melhor que tenho lido, não me referindo apenas ao akordês.
Parabéns! Se me permites, assinalo dois erros (próprios de quem odeia o akordo e não consegue sempre fugir à natural atracção da correcção ortográfica): é que usaste duas vezes o verbo qompliqar, como se fosse qomplicar...
Peço permissão para usar este texto na minha campanha anti-akordo, referindo a origem, claro.

MCA disse...

PJA, naum qonsegi detetar todux us errux masx vo exfursar-me maix.

Paula disse...

Excelente exemplo, apesar do exagero, mas, com um bocadito de sorte, não tarda e a próxima geração está mesmo a escrever assim. É que este tipo de ortografia, que já era muito badalado entre os jovens quando comunicam por sms,ultrapassou entretanto, essa barreira e ,infelizmente, já é vulgarmente utilizado noutros meios de comunicação e entre outros actores, que não apenas as novas gerações. Dou como exemplo, os emails trocados entre pais e filhos, em que os filhos escrevem assim e os pais lá vão tentando decifrar a mensagem, ou, mais grave ainda,como li à pouco tempo, um teste de português do 9º ano de um curso tecnológico.
Se é isto que se quer da língua portuguesa, continuem, mas eu não assino por baixo.
"O facilitismo", não poderá levar nem deverá ser, o móbil para a degradação, corrupção ou exterminação da língua portuguesa.
Nem a desculpa de facilitar a aprendizagem da língua aos estrangeiros. Era o que mais faltava!

Paula disse...

E a propósito...isto só se pode ter em Português.

O SAL DA LÍNGUA
Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar.
Para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
Eugénio de Andrade

Daniela Coutinho disse...

Eu pouco sei sobre muita coisa e não sou eu, um ser insignificante, que vai dizer que "sim senhor, evolua-se", "não senhor, não se evolui nada". Porém, não sou a favor do Novo Acordo Orográfico. Ninguém foi questionado e não acho, pessoalmente, que o motivo seja realmente simplificar a escrita. Afinal, é nas coisas mais difíceis e nas diferenças que se encontram as coisas mais belas do mundo. O próprio sexo se fosse sempre da mesma maneira tiraria, com certeza, toda a piada que tem.
Não nego a utilidade que posteriormente possa vir a ter. Não sou uma resistente à mudança. Mas as coisas na teoria são muito belas. E na prática? Portugal tem dinheiro suficiente para renovar as colecções das demais bibliotecas? Se tiver, eu até posso mudar de opinião. Se as coisas forem feitas em cima do joelho - na prática - não vai mudar nada. Vai existir, sim, uma salganhada brutal. Vamos escrever de outra forma, mas as bibliotecas não vão dar "conta do recado". Acha mesmo que as verbas que são atribuídas à cultura vão ser suficientes para renovar as colecções? A biblioteca é ou não um lugar onde se presta/fornece informação actualizada? Eu tenho receio que as bibliotecas não consigam acompanhar esta tão bela e útil evolução. Se é para mudar, que se mude, mas que se mude tudo. Porque se é para ficar a meio, então não vale a pena mudar.

Daniela Coutinho disse...

Leia-se "Ortográfico" e não "Orográfico". Um lapso de tecla que "simplificou" a minha escrita.

Abraço

F. do Valle disse...

Continuo sem perceber por que razão se há-de falar de Acordo Ortográfico, associando-o à palavra "evolução". E, no mesmo passo, referir a "resistência à mudança", a "actualização", o "progresso" e sei lá que mais, tudo palavras abstractas e sem sentido. O que é evoluir? O que é a mudança? EU RESISTO À MUDANÇA QUANDO ELA É ESTÚPIDA!
O que interessa que meia-dúzia de analfabetos encartados decidam o que é, ou deve ser, a escrita de uma língua que os precede e que eles não percebem?
Esses contabilistas da língua, ansiosos por negociatas obscuras à sombra do acordo, são "a evolução"?!? Dizer-lhes "NÃO!" é uma atitude retrógrada?!?...
Porquê?
Ainda que fosse possível mudar todos os livros de um dia para o outro, isso seria bom? Em quê?
Não gostam de Portugal? EMIGREM!!!
Não é proibido sair! Se todos os iberistas e acordistas e europeístas e CPLPistas (que são os amigos dos ex-terroristas) e mais todos os "istas" fossem ver se chove na Melanésia, isto seria um paraíso.
E, quando saíssem, nem precisavam de fechar a porta. Fa-lo-íamos de bom grado!
PIM!

Professor disse...

A Evolução, julgo eu, tem leis próprias, naturais que não se compadecem com decretos de quaisquer acordos que se queiram sobrepor ao que a Natureza ditar. O seu texto é um gozo inteligente e salutar à intervenção do poder político nas leis próprias do falar que é uma cultura, uma vida, uma história, um organismo vivo.
É sempre reconfortante passear aqui pelo seu blogue. Só mais uma coisinha: uma frase escrita tem uma estética musical e simultaneamente pictórica. «PJA, naum qonsegi detetar todux us errux masx vo exfursar-me maix.», não consigo digerir!
Um abraço

A. disse...

Grande Clara! Adorei o texto. :)
Um grande beijinho *

P.S. - Para o caso de conheceres muitas Beatrizes, sou a filha da MRF ;)

Anónimo disse...

Até nem faz graça.

Sugiro-lhes, aos anti-acordo, 3 alternativas:

- Deixarem de falar a língua do Brasil.

- Passar a escrever o português em castelhano e, eventualmente, diretamente a falá-lo.

- Passa a empregar ALUPEC (se não sabe o que é, procure). Aprofundando nesta oção, acho conveniente três normativas (não só a actual para o Portugal inteiro), Norte, centro e Sul. E outra para as ilhas.

Saudações lusófonas desde a Galiza.

PJA disse...

Anónimo,
ninguém é obrigado a gostar de Portugal, nem, mesmo, a ser português. A liberdade dos povos traduz-se nisso mesmo. Por isso, somos independentes. Como muito bem sustenta o F. do Valle, em comentário anterior, a safardanagem que anda por cá a infectar o ambiente pode e deve sair. Portugal não presta? A língua portuguesa é difícil? Muito bem. Quem não está bem muda-se! Vão para Espanha, ou para o raio que os parta! Deixem-nos em paz! Só não queremos ser obrigados a prescindir do que é nosso por causa de uma dúzia de analfabetos encartados que odeiam a cultura e a tradição portuguesas.
Lusófonos somos, antes de todos os outros, nós, os lusos. Aquilo que pretendem com esse discurso da "lusofonia" é impor a LUSOFOBIA.
Felizmente, os melhores escritores e teóricos da lingua portuguesa, em Portugal, no Brasil, em Angola e em Moçambique, são anti-akordo (com K, para ser moderno...).
Tenho, porém, de reconhecer um aspecto positivo nesta trama mafiosa do akordo ortográfico: todos os tolos, néscios, ignorantes, que nunca foram capazes de redigir um texto decente, vão passar a ser verdadeiros literatos!

Anónimo disse...

OS MIUDOS JÁ FALAM E ESCREVEM ASSIM.O ACORDO JÁ ESTÁ NA CABEÇA DELES.E JÁAGORA ACABEM COM OS ACENTOS. SÃO DE FATO(=TERN0=A CARTA DE JOGAR=A ROUPA)

Madalinês disse...

Viva o humor cáustico! Uma magnífica demonstração por absurdo, de leitura obrigatória... Há que rir muito da figura triste que alguns andam a fazer por aí.
Parabéns, Maria Clara Assunção!
Abraço anti-AO90! :)

asperezas disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
asperezas disse...

A mim, espanta-me quando fizeram este desacordo com argumentos sem nexo. O da facilidade de aprendizagem pelos estrangeiros nem lembra ao diabo, pois eles coitados deparam-se com as nossas palavras corrompidas nas suas estru(c)turas! Por mim, nunca teria havido qualquer AO durante o Século XX.
O Brasil cresceu separado de Portugal desde há mais de 500 anos. Por muito menos, a Língua Portuguesa se separou da Galega e da Castelhana! A língua desenvolve-se com os povos e por isso é viva.

Anónimo disse...

Fiquei tonto só de a ler :))

Simão Gamito

Pericles Pinto disse...

Expetakular!
Já agora, passe por aqui...

http://muitosuave.blogspot.com/2012/02/sobre-o-acordo-ortografico-do-dr-joao.html

Nuno Lima Bastos disse...

Obrigado! Cinco estrelas!

Anónimo disse...

Tal e qual! Qualquer dia teremos um novo dialecto falante.

Anónimo disse...

Imagino que deva ter sido bastante difícil escrever este texto. Às tantas, dei por mim a tentar corrigir do certo para o errado, o que me fez encontrar umas quantas falhas :-)

Um texto bastante exemplificativo do que poderá (espero que não) vir a acontecer.

Gostaria de contrapor a Lu Silva em que a adaptação de Livros do Brasil não faz sentido, tal como não faz sentido traduzir Mia Couto. Faz gastar mais dinheiro em todos os manuais escolares que têm de ser traduzidos novamente, isso sim.

Acha que os alemães vão facilitar a língua deles só para que os estrangeiros a aprendam mais facilmente?

As regras ortográficas existem por alguma razão, simplificá-las não tem obrigatoriamente de resolver problemas...

O maior problema deste acordo é precisamente ser um acordo entre partes. A língua portuguesa sempre foi uma língua viva e sempre teve alterações correntes, de uso diário, tal como por exemplo a inclusão de neologismos nos dicionários, naturalmente. Este acordo é tudo menos natural.

lmq disse...

Não me lembro de ter lido uma resposta tão divertidamente eficaz ao argumento de que o acordo, ao aproximar a ortografia da fonética, simplifica a escrita e aprendizagem da língua. Houve um ou outro raro momento em que me pareceu haver desnecessário exagero (tendo em conta, claro, a própria lógica do texto), como em “aprosimasaum” (para aproximassem) ou “aixpansaum” para (expansão). Neste último exemplo, mais pelo “a” inicial do que pela terminação, já que, sendo eu do Porto, não vejo porque é que, num acordo cheio de duplas grafias, os portuenses não hão-de ter direito a ver consagradas as suas especificidades. Mas seria mais “aprosimasoum”.

Vendo bem as coisas, não me parece que esta antevisão seja mais demagógica do que essa espécie de paradoxal antevisão retrospectiva que pretende que, sem acordos, ainda escreveríamos hoje todos “pharmácia” e “photographia”. De resto, confesso que não me importava nada de escrever assim ambas as palavras. Os franceses, ingleses e alemães escrevem, respectivamente, “faux”, “false” e “falsch” (neste caso, mais traduzível por “errado” do que por “falso”), mas isso não os impede de grafarem o “Fi” (Phi) grego (ϕ) com “ph” e escreverem “photographie”, “photography” e “Photographie” (no alemão é facultativo – também se pode escrever “Fotografie”). O mesmo para farmácia, com a excepção do alemão, que foi buscar “Apotheke” a outra palavra grega.

Azar têm os ingleses em que o Malaca Casteleiro não tenha nascido súbdito britânico. Não sei como é que eles conseguem explicar às criancinhas que, por exemplo, “though” se lê mais ou menos “dou”, mas “enoguh” já é mais “ináf”. Ainda assim, parece que não só as ditas crianças conseguem meter isso na cabeça, como, estranhamente, até as crianças portuguesas, que aprendem inglês na escola, o vão conseguindo.

margarida baldaia disse...

O texto está bem escrito, sim. Mas onde diz que se inspira num texto de Mark Twain?

ayala-serodio disse...

Totalmente de acordo contra o actual AO.
Ainda avia maix umax qoizax a qorrijir - otel, oxpital, omem - e já agora os hifens no ade (há-de), qonsegirse (conseguir-se), etc.
Realmente o exagero pode chegar a isto tudo em que a etimologia já não dará para ensinar às crianças e aos estrangeiros o porquê das palavras.
Os argumentos da pharmácia, phleugma francamente são despropositados - isso foi há 100 anos e nessa altura justificava-se claramente

Lee Ran Chi disse...

Concordo plenamente, se é para mudar que mudem tudo a sério, tipo a lingua de Camões já não existe a partir do ano lectivo 2012 - 2013 eu JURO por tudo que é mais sagrado que vou continuar a escrever e falar na língua de Camões.

Anónimo disse...

Os países que não fazem parte do Terceiro ou Quarto Mundo estabilizaram as suas línguas em séculos passados. A língua portuguesa já estava relativamente estável no final do século XIX, princípio do XX, quando começaram os descalabros das reformas e acordos ortográficos, mais uma prova que somos um país atrasado. Enfim, boa adaptação do texto “Meihem in ce Klasrum” de Dolton Edwards, originalmente publicado na revista Astounding Science Fiction em 1946, a tradução não é nada fácil...

Lucinda disse...

Já teve tantos comentários fenomenais que só quero mesmo dizer obrigada pela sua despreconceituada, divertida e irónica análise dos factos. Acabo a minha manhã de trabalho da melhor forma: A RIR.

Lucinda disse...

Já teve tantos comentários fenomenais que só quero mesmo dizer obrigada pela sua despreconceituada, divertida e irónica análise dos factos. Acabo a minha manhã de trabalho da melhor forma: A RIR.

JSL disse...

Muitos gozam com esta realidade mas no fundo, no fundo, no fundo ...

Vejam pelo lado mais maduro da questão;


www.avkd.blogtok.com

E essa de cada região ter uma grafia própria é a maior ignorância e o mais falacioso argumento jamais visto.

Então não foram adoptados sucessivos e sucessivos acordos ortográficos baseados na "supremacia" do léxico sobre a etimologia?

Isto é cada ignorante. E vivem pensando serem os donos da verdade até ao dia que conheçam a história dos macacos e das bananas.

Anónimo disse...

Não é este já o cenário das sms ou do msn dos adolescentes? hehehe

João disse...

Parabéns pelo texto.
Antes de ler que o blog era contra o AO, até pensei que fosse a sério..

Vítor Lindegaard disse...

[′sjᾶj′veʒdədəɫi′rarfi′zɛsifɛtivα′mêtkuRəʃpõ′derdirɛtα′mêt′sõzigrɑ′femαʃtə′riα′alɣwα′sĩmαzα′lɔʒikαđαɔrtugrα′fiαpurtu′gezα′ɛfunu′lɔʒikαj′nᾶwfu′nɛtikα]

Anónimo disse...

Li o texto e estou totalmente de acordo... era assim que se devia escrever.

A via fonética é o futuro, e todos os velhos e velhas do Restelo que por aqui e ali reclamam a baixa voz (onde estão as manifestações publicas?) um dia vão perceber que a língua que falamos não deve só servir para nos distinguir da plebe anonima ou dos escravos analfabetos, mas sim para promover a real comunicação. Eu sou professora bilingue de 2 linguas, com mestrado em literatura e ao contrario de muitos que para aqui mandam postas de pescada estudei historia das linguas, não sou uma analfabeta qualquer. E SOU 100% A FAVOR DO ACORDO. ALIAS ACHO QUE SE DEVIA LEVAR O ACORDO MUITO MAIS LONGE, O MAIS PROXIMO POSSIVEL DO QUE A SRA BLOGUISTA AQUI SUGERE.

E NÃO ESTOU A BRINCAR!!!!


Sempre achei ridiculo o fato de a lingua portuguesa, de uma pais que se gaba de ter trazido "novos mundos ao mundo" ser das mais anacronicas que conheço. Ao descobrir o alfabeto fonetico, que no tempo em que estudei só ao chegar ao nivel universitario se conhecia, descobri tambem o quanto desprezo todas estas regras inuteis que só tem efetivamente um proposito - a segregação social.

A todos os que escrevem destes tipos de texto e aos que os aplaudem só tenho uma resposta: passem a falar latim, já que tanto apreciam o imobilismo da lingua... ou melhor ainda, indo-europeu, ou o raio que os parta. Se calhar a linguagem dos Neandertais ainda era a melhor para todos vocês...

Para acabar como deve ser: naum se admirem se u tipu de teixtu que a sinhora bloguista excreveu com tanta "grasa", maix cedu du que julgam, comesar a surjir cada vex maix á vosa frente, ( se já conhesem a internet, facebooks e tal, e as sms, devem saber du qe exto a falar) porque a ivolusão da língua, qer voses queiraum qer naum, é inegzoravel, e vai deixar para trax todus os velhus que por aí vociferam...

eduardo pires disse...

Gostaria de partilhar o seu texto com os meus colegas de departamento! Posso?

Anónimo disse...

O TEXTO PARECE IRÓNICO MAS PARA MIM DEVERIA SER LEVADO A SÉRIO. ISSO PENSANDO NO PAISES AFRICANOS DE LINGUA OFICIAL PORTUGUESA QUE TÊM O PORTUGUES COMO SUA SEGUNDA LINGUA.

E UMA FORMA DE UNIFORMIZAR A FALA É TORNÁ-LA PRÓXIMA À ESCRITA.

MAPUTO - MOÇAMBIQUE

Unknown disse...

Este texto chegou-me hoje via e-mail e pelo sua excepcionalidade não posso deixar de o transcrever para o meu blog, tentando assim que chega ainda a mais pessoas (dando, é claro, o mérito a quem merece).

Anónimo disse...

Parabains plo exselente teixtu, qe li com prazer e me deixou a pensar. Seindu a ideia a de aprosimar a lingua escrita da falada, perguntu: naum deveriamus, entaum, elaburar uma lingua escrita para cada prununsia? Asim, voltariamos a um anterior "patamar" históricu onde naum averia cualqer unifurmizassaum. U mutivo da prosimidade fala-escrita leva-nos nesesariamente a ese extremo!

Anónimo disse...

Aplaudo todas as discussões que envolvem o novo acordo ortográfico, no entanto considero que todas devem servir para esclarecer. O texto é realmente reflexo de uma interpretação parodiante do novo acordo ortográfico e que a meu ver não esclarece os menos informados, procurando, pelo contrário, desinformar. Importa compreender as razões desta mudança e respeitar todas as diferenças fonéticas, o que não foi conseguido, apesar da intenção. A ortografia portuguesa é de natureza fonológica e não fonética e é nesta distinção científica que se deve basear a discussão.
Abraço

Vítor Lindegaard disse...

E eis, enfim, um comentário avisado, o do comentador anónimo que diz precisamente aquilo que eu tenho tantas vezes repetido em vão nesta discussão que é quase sempre de surdos: a ortografia portuguesa, tanto na versão pré-acordo como na versão pós-acordo, obedece a uma lógica fonológica e não fonética e é dessa constatação simples que tem de se partir para a discussão (ou, pelo menos, para um parte importante da discussão). Foi, aliás, isso que eu disse no meu comentário anterior em transcrição fonética (peço desculpa, mas como toda a gente parecia comprazer-se na brincadeira, achei que devia brincar também um bocadinho). É que sistemas de escrita fonética já os há há muito, amplamente utilizados e eficazes. Mas isso não tem nada a ver com a discussão do acordo ortográfico, pois não?

MCA disse...

Margarida Baldaia, não conheço esse texto de Mark Twain de que fala mas fiquei curiosa. Se puder indicar-me que texto é, agradeço.

MCA disse...

Bem, Margarida, já me fez andar à procura do tal texto de Mark Twain. Suponho que se referisse a isto: http://www.i18nguy.com/twain.html
Não conhecia e não sei se devo ficar aborrecida por alguém ter tido a mesma ideia antes de mim ou satisfeita por eu ter tido a mesma ideia de um escritor com a envergadura de Mark Twain :-) Em todo o caso, o que interessa para o caso é que eu não conhecia o texto de Twain por isso trata-se apenas de coincidência. Obrigada na mesma.

MCA disse...

Cara anónima professora bilingue de duas línguas, apreciei o seu comentário. É bom ter aqui uma comentadora com mestrado em literatura e que não é uma analfabeta qualquer. Haja quem eleve o nível da conversa, que para o baixar já bastamos nós, a plebe anónima. Volte sempre que quiser e comente ambas as duas vezes.

MCA disse...

Caro/a anónimo/a de 29 Fevereiro, 2012 12:29
Infelizmente tropeço diariamente na minha ignorância e não conheço o texto que refere (“Meihem in ce Klasrum” de Dolton Edwards, originalmente publicado na revista Astounding Science Fiction em 1946). Como também não conhecia o texto de Mark Twain que a Margarida Baldaia diz ter servido de inspiração esta minha brincadeira com as palavras. Não sei quantas mais fontes por mim desconhecidas me terão inspirado sem que eu me apercebesse mas fico a aguardar porque os visitantes da biblioteca de Jacinto sabem. Obrigado a todos.

Lembranças guardadas na caixa de sapatos disse...

Bom, foram 10 anos de estudos por parte dos países falantes. Mas vejamos o que diz Saramago:
http://entretenimento.uol.com.br/ultnot/multi/2008/11/28/0402366CC4C93326.jhtm?jose-saramago-fala-sobre-o-acordo-ortografico-0402366CC4C93326

Unknown disse...

Que disparate!
Estar contra o acordo ortográfico é estar a favor da reforma de 1911, feita à revelia do Brasil e tendo por objectivo aproximar a ortografia portuguesa da espanhola.

Phoda-se, sejam coerentes e apoiem é a ortographya do Século XIX!

José Couto disse...

ABSULUTAMENTE ILARIANTE!
XUREI DE RIR!

Como sempre, a ironia e o humor são as melhores armas para combater a estupidez...
Parabéns e... obrigado, por me ajudar a aliviar a raiva originada pela obrigação de ter de usar o Novo AO na escola.

José Couto

antonio disse...

Permitam-me escrever segundo as normas da reforma ortográfica brasileira de 1972.

Parabéns pelo texto genial. Irônico e bem- humorado. Que embora se veja estranho, soa bem... Falando a sério, uma radicalização da norma ortográfica no sentido da aproximação à língua falada permitiria que, tal e qual na língua árabe, pudéssemos "escrever com diferentes sotaques". Assim, muitos dos "x"que se lê naquele texto seriam grafados com "s" no portugês falado no sudeste do Brasil ou até com "iz" em outras regiões. Aproximaria o leitor do regionalismo e da musicalidade da fala própria do autor ou do personagem. No início do século XX, em São Paulo, Alexandre Marcondes Machado escreveu crônicas divertidíssimas sob o pseudônimo de Juó Bananère, escrevendo no patois típico dos imigrantes da colônia italiana do bairro do Bom Retiro.
Sugiro a leitura de textos daquele autor como "La divina increnca"

http://bananere.art.br/increnca.html

Muito interessante também.
Um abraço
Antonio Gobbo

Isabel Venâncio disse...

Só hoje (vejam o meu atraso de vida!) ... Dizia eu que só hoje conheci este texto.
Está o máximo e concordo em pleno.
Isabel Venâncio

Jorge Soares disse...

Do melhor que tenho lido sobre o Desacordo Ortográfico. Este texto precisa chegar aos jornais e até a um debate televisivo. É cada vez mais notório que o Acordo é um atentado à cultura e ao povo desconsiderado. Parabéns !

Vasco disse...

xlent!

Anarita Rodrigues disse...

Texto extraordinário a merecedor de ovações e não de correcções puristas por alguns bloguers. era só o que faltava andar a verificar se a autora fez correctamente todas as alterações e ainda lhe chamar à atenção do facto. Este texto é de uma inteligência e criatividade assombrosas, os meus maiores parabéns! não fosse somente funcionar através da escrita diria ser merecedor de adaptação imediata ao teatro. bem, talvez com video pudesse funcionar... ;)

Anónimo disse...

Excelente texto que reflecte sobre uma questão fracturante e premente da nossa sociedade que é o famigerado Acordo Ortográfico. E como o mundo dá muitas voltas e tudo volta a ser o que era, aposto que, no tempo dos nossos bisnetos, estarão eles a escrever ao estilo de Camões, porque entretanto todos se fartaram de tanta simplificação e depois o que estará "a dar" seja mesmo complicar...

Anónimo disse...

Excelente texto que reflecte sobre uma questão fracturante e premente da nossa sociedade que é o famigerado Acordo Ortográfico. E como o mundo dá muitas voltas e tudo volta a ser o que era, aposto que, no tempo dos nossos bisnetos, estarão eles a escrever ao estilo de Camões, porque entretanto todos se fartaram de tanta simplificação e depois o que estará "a dar" seja mesmo complicar...

MCA disse...

Caro Antonio Gobbo, a língua é cultura e evolui naturalmente. Também a ortografia brasileira não exprime (como muito bem chama a atenção) a diversidade fonética do Brasil. Pessoalmente, devo dizer que a ortografia brasileira não me incomoda nada. Quando o texto é bom - e como é belo, doce e musical o português do Brasil! - o português do Brasil escrito na sua ortografia própria, soa ao nosso "ouvido interior" com o sotaque brasileiro. Gosto de ler um texto bem escrito em português do Brasil. Mas não tenhamos ilusões: a ortografia não segue nem tem de seguir a fonética. Pelo contrário, o único factor de estabilidade de uma língua é a etimologia e quanto mais o português (de Portugal ou do Brasil) se afastar da etimologia mais perde. Vou dar-lhe um pequeno exemplo: os brasileiros optaram por aportuguesar o termo inglês "delete" inventando a palavra "deletar". "Deletar" não existe em português, é apenas um aportuguesamento. No entanto, como tantas outras, a palavra inglesa "delete" vem do latim "deleo" que significa apagar. Existe, na língua portuguesa, uma palavra equivalente - delir - a qual caíu em desuso no século XX. A língua portuguesa é rica em vocabulário e não carece de muito esforço utilizá-la. Macaquear palavras inglesas é pior do que ignorância (que tem cura...): é seguidismo, provincianismo e colonialismo auto-infligido. Percebo que não é essa a sua posição mas é a de muitos compatriotas seus e, infelizmente, a de muitos portugueses.

Anónimo disse...

Deves andar com falta de pissa... perdoa-me!: de pixa.

Anónimo disse...

Boa tarde, por melhor que se escreva neste blog (com ou sem acordo) é pena que o texto seja uma adaptação (descarada, pois não menciona o ORIGINAL) de um texto que circula via email há largos anos sobre um novo "Euro English" que seguia as mesma etapas e alterações lógicas ao texto, refletindo no texto as etapas descritas. A adaptação foi feita com engenho e bom gosto! Apesar de tudo, é de bom gosto dizer que a algo é uma adaptação, quando o é!

Cumprimentos

MCA disse...

E vão três! Eu não dizia?... Não há pachorra...

MCA disse...

É a última vez que escrevo sobre isto: quem acompanha o meu blogue, desde 2006, sabe que, além de ter aversão ao plágio, sempre mas sempre tive o cuidado de citar rigorosamente todas as fontes que utilizo para escrever os meus textos. Por essa razão, só posso atribuir ao facto deste blogue estar a ser visitado, ultimamente, por muitos leitores novos as recentes acusações directas ou veladas de eu ter copiado outros textos que circulam na net. Curiosamente, cada qual aponta uma fonte diferente o que, só por si, é facto suficiente para suspeitar de qualquer das acusações. A verdade é que a ideia não é assim tão boa e, ao que parece, várias pessoas diferentes, desde o famoso Mark Twain a um anónimo qualquer, se terão lembrado do mesmo. Acontece que eu não conhecia nenhum dos textos que me acusam de ter copiado. Azar. Pensei que a minha ideia era brilhante e afinal tem pouco de original. Mas é minha. Pensei nela sozinha e gastei os meus fracos neuroniozinhos a engendrá-la. Se outros se lembraram do mesmo antes, melhor para eles. Os chineses também inventaram a pólvora oito séculos antes de Alfred Nobel e ele é que deu o nome ao prémio. Isto promete...

Anónimo disse...

cara amiga

O seu texto inclui-se naquele tipo de falácia vulgarmente designada de "espantalho". Trata-se de satirizar algo para mais facilmente o refutar. Aliás, não é uma refutação, mas sim um modo de levar as pessoas a desprezar esse algo.
Mas reconheço que revela criatividade.
Um beijo

MCA disse...

Eu chamar-lhe-ia antes caricatura...

alf disse...

Está muito engraçado, embora seja apenas a versão portuguesa da técnica usada há muito pelos académicos ingleses para impedir alterações à escrita inglesa. O resultado é o tempo absurdo gasto pelas suas crianças para conseguirem aprender a escrever o inglês sem erros.

Felizmente para toda a gente surgiram os correctores ortográficos; ninguém pensa hoje em escrever em Inglês sem usar o corrector. Temos assim uma língua que depende do uso de computador para ser usada na comunicação escrita, o que, convenhamos, é brilhante.

Esta técnica consiste no seguinte: o nosso cérebro não "lê" as palavras - identifica-as essencialmente pelo tamanho e a primeira e última letra; ao alterar o tamanho e a primeira e/ou última letra, o cérebro deixa de reconhecer a palavra e o leitor fica convencido que a alteração dificultou a comunicação escrita, o que não é verdade a não ser para quem aprendeu essa forma.

basicamente, trata-se de um truque.

A evolução da sociedade humana foi sempre o resultado do esforço desesperado de um pequeníssimo número de pessoas... nós temos medo de ficar a perder com a mudança e arranjamos sempre argumentos para a contrariar...

pelo menos, é assim que eu penso.. peço desculpa por não estar de acordo, mas não deixo de sublinhar que a aplicação da técnica foi feita de modo brilhante.

MCA disse...

Quatro...

Flávio disse...

Talvez ela esteja falando do acordo ortográfico de 2300, porque há séculos atrás se escrevia assim:

"Outros diziam, que isto era assi como door da qual ao homem prazia e nom prazia, dizemdo que todollos sabedores concordavom, que todo homem namorado tem huuma espeçia de samdiçe; e esto por duas razoões, a primeira por que aquello que em alguuns he causa intrimseca das outras maneiras de sam diçe, he em estes causa de taaes amores: a segunda por que a virtude extimativa, que he emperatriz das outras potemçias da alma açerca das cousas senssivees, he tam doemte em taaes homeens, que nom julga o ogeito da cousa que vee tal qual elle he, mas tal qual a elle parece..."

http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/textos/p00001.htm

Vitor Menezes disse...

achei absolutamente ridículo o texto, as comparações, a ironia, o exagero, tudo... Igualar a eliminação de consoantes mudas à total descaracterização da língua escrita como foi feito neste texto, é de um total infantilidade... Não fosse pela total eficácia e qualidade do texto, pensaria que tratava-se de algo escrito por uma criança de 10 anos, a fazer birra... Triste...

Sérgio Núncio disse...

Aplaudo de pé o seu artigo pela ironia certeira com que desmonta a falácia dos argumentos da "simplificação" (que não o é e que se fosse ainda teria de provar ser uma opção melhor à da norma actual) e da oralidade ("primado da fonética" como disse o dinossauro Prof. Malaca Casteleiro no final século passado quando se começou a falar deste (des)Acordo).
Porém, tenho de apontar-lhe um erro que embora certamente devido a um lapso (no melhor pano cai a nódoa) não deixa de ter a sua gravidade: a palavra "caracteres" não perde o "c" pois este não é mudo: o acordo ortográfico muda a escrita, mas não a pronúncia (nem a Língua). "Carácter" sim perde o "c" pois é mudo, mas "caracter" não, tal como "espectáculo" perde o "c" mas "espectador" mantém-no.

Dito isto, parabéns pelo artigo e pelo blogue.

MCA disse...

Sérgio, tem toda a razão mas essa é uma das falácias do AO: se reparar, o que está a acontecer é que as consoantes surdas (e não mudas) estão a ser eliminadas de forma sistemática. O caso de "espectadores" que menciona, é paradigmático. Nos cinemas ainda se vê publicidade em que aparece escrito "espetadores". E isso está a acontecer em imensas palavras como Egipto (eu sempre pronunciei o "p").

MCA disse...

Só para esclarecer porque digo surdas e não mudas: é que nestas palavras as consoantes são pronunciadas de forma tão ligeira que muitas vezes não são audíveis. Mas pronunciam-se.

Trackfinder disse...

BRAVO!!!
Já estava começando a pensar que eu era o único a ser contra essa ridícula reforma das nossa escrita.
Não sou versado nas leis mais intrínsecas de nossa gramática, mas para não ficar repetindo tudo o que já foi escrito aqui, no mínimo, essa reforma faz com que o Português perca sua identidade visual, quando escrito. Quero dizer, quando se vê uma palavra como Déjà-vu, ou Año, ou ainda Occhi, imediatamente podemos identificar a origem dessas palavras, mesmo sem conhecer a língua profundamente.
Como alguém poderá dizer que o texto em questão é Português se tiramos os acentos e mudamos sua gramática? Freqüência. Não é bonito ver uma palavra assim?
Em minha opinião, essa reforma nada mais é do que um atentado contra a nossa língua e também uma tentativa dos ignorantes e preguiçosos que não conseguem sequer aprender corretamente sua língua natal de parecerem cultos e também de facilitar para que outros ignorantes e preguiçosos deixem de serem forçados a estudar mais.
Parabéns pelo seu blog.

Anónimo disse...

O senhor Vitor Menezes escreveu em 2012.03.06:
"Não fosse pela total eficácia e qualidade do texto, pensaria que tratava-se de algo escrito por uma criança de 10 anos, a fazer birra...".
Não sou especialista de português mas como já cá ando há mais de 60 anos e não andei apenas a ver os electricos, irritou-me o ouvido a pronome pessoal a seguir ao verbo "tratava-se".
Questionei o Ciberdúvidas sobre a correcção (ou incorrecção) de tal escrita e fui informado de que é errado. Foi-me sugerido que acedesse ao endereço que se segue: (http://ciberduvidas.pt/pergunta.php?id=9638)

Suspeito de que percebo porque o senhor defende o AO. Aparentemente, pela amostra, já escreve do modo como falam alguns brasileiros que não tiveram a felicidade de ir à escola aprender português...

Dias Costa

Luigodin disse...

Cara Maria Clara,

Adorei o seu texto, acho que é um óptimo exercício e até que daria um texto para um espectáculo, estaria interessada em cedê-lo?

Boa continuação,

Cumprimentos Luís M. Godinho

Unknown disse...

Ah ganda Costa!
Chega-lhe que ainda mexe...
Eheheh

MCA disse...

Luis M. Godinho, não pensei nisso. Contacte-me directamente, pf.

José Carneiro disse...

Desde que se fala em Acordo que estou em desacordo!
Qual o medo dos srs que entraram neste "Acordo"?
nasci no continente europeu, cresci e vivi no continente africano.
E hei-de terminar com a seguinte dúvida "Acordo Ortográfico?"
Aprendi que as linguas são "vivas"
As linguas não morrem
São a identidade dos Povos!
Em Portugal devia-se falar português pois , naturalmente e imparavelmente por exemplo , no Brasil fala-se brasileiro, em Moçambique moçambicano , em Angola angolano , etc....
Ninguém irá conseguir contrariar aquilo que me ensinaram nos primeiros anos de escola a lingua é "viva" está em constante mutação!
Termino com a minha "duvida" e feliz por saber que muitas pessoas defendem a "vida" que naturalmente cada país tem!

CR disse...

Sou absoluta e frontalmente contra a aberração ortográfica que uns ilustres iluminados decidiram produzir. Resistirei até onde me for possível.
Acho este texto fantástico - esdieo melhor que já li sobre o tema.
Parabéns!

Tio do Algarve disse...

Excelente texto que recebi por email, de uma amiga, identificando a autora! Muitos parabéns...

Hoje também vi este texto copiado, como sendo de outro autor, julgo que por erro, não intencional.

Tenho pena que não haja a possibilidade de seguir o seu blog!

Naturalmente também acho o dito Acordo uma palhaçada sem graça

ALAGOAS - ESTADO DEALAGOAS disse...

Realmente, lendo o proposito da Biblioteca de Jacinto...; TB proponho"

1- que o próximo acordo ortográfico... para o povo do Brasil, seja efetuado sem acentuacoes de excessos da parte de uma intelectualidade em falencia >>>

2- que se elimine, sem duvida alguma... o modo de pensar e Ser dos BRASILEIROS de se pronunciar falando Portugues.

** Afinal, pra quem e' mesmo 100% BR, nao faz sentido ta ainda em 2012 se 'fantasiando' de uma "lingua" que nao seja a sua.

3- que o idioma, a poesia, o romance, etc, do POVO DO BRASIL ---- seja respeitado e identificado como tal: DO BRASIL!!!!

&& * sem "anexos" de quem seja do que foi parte que financiou pra nosso idioma se tornar o que nos representa: POVO DO BRASIL!!

** vide, que o idioma do povo europeu, de Portugual, entre outros, africanos, japoneses, etc, que compoe nossa lingua Brasileira foram miXturados com o idioma natal dos povos que habitavam a entao chamada America do Sul.

----- E, inteligente, quem respeita a si, sabe de si, concordo plenamente que entre outros, os Portugueses, devem tomar atencao com o futuro do presente do seu pais e do idioma. Senao, acabam hora dessa tb sem identidade, cultural.

--- Quicas, nois, BRASILEIROS, depois de "mais de 500" de imposicao imperialista, precisamos eleger nossa identidade sem ta de "bengala" no que seja dos outros, seja da parte de idioma ou dos "quintos dos infernos" , etc... eh hora eh hora...

>> Gostava que o Mundo estivesse melhor mas os meus esforços não têm resultado... >>>

Sim, eu devo me tornar a mudanca (ortografica ! idem) do que aspiro, para que o mundo, enfim, possa se resultar no melhor do que almejo de produtividade.

Viva pra nossa evolucao, pra educacao sem submissao!

Jeronimo Santos Da Silva

Musician. Music Teacher. Mestre Capuerista.
Author. Composer. Producer. Massage Therapist. Tour Guide.

Mestre Jeronimo - 'Iconoclast JC'
www.myspace.com/mestrejeronimo

Anónimo disse...

Gostei muito do teu texto. A uniformização da língua é um disparate. Os ingleses e os espanhóis nunca fariam algo do género. Nós não temos de adaptar a nossa língua nem temos de facilitar a aprendizagem a ninguém. É um facto que os custos de produção dos livros vão baixar, no entanto a língua é um património que deve ser intocável. Se querem ver isto do ponto de vista económico então sugiro que os outros países que falam português comecem a aprender a o português "original". Tenho todo respeito por todas as outras variantes mas se me forem impostas alterações só porque os outros não querem aprender a língua como ela é originalmente falada então respondo desta forma. Aprendam a língua como ela é não como gostariam que ela fosse só porque não têm pachorra para aprender as regras. Na língua polaca existem muitíssimas regras e 7 casos de declinação. Se virem por este prisma a nossa língua é muito acessível. A nossa gramática está muito próxima da gramática francesa e eu não vejo ninguém a reclamar com os franceses. Nunca na vida eles mudariam seja o que fosse para facilitar a aprendizagem a outros povos. Temos de deixar de ser permissivos, temos de difundir a nossa língua como ela é, temos de habituar o mundo ao som da nossa língua e acima de tudo temos de ter orgulho numa língua que é falada em todos os continentes deste planeta!

tomé silva disse...

Gostei muito do teu texto e não gosto do que querem fazer à nossa língua. Escreverei como aprendi enquanto me for possível.

saraelisio disse...

eu so tenhu um qumentariu a fazer .. qontinuu (será asim?) sem saber qomu se excreve "muinto"? será asim? já agora parabenx pelu rasiusiniu (fooooogu qusta pa carasas excrever asim) :)

sApU disse...

Podeiramos utilizar o cirílico como exemplo... C = cê S não existe K = quê Q não existe etc etc...e melhor ainda para facilitar deixamos de conjugar os verbos, ou fazemos como os Brasileiros do Nordeste... Eu sou Tu é ele é nós semo vos(não sabem que existe esta pessoa) eles são...

sApU disse...

Lú Silva

A nova reforma ortográfica possibilita:

- redução dos custos de produção e adaptação de livros;

Em que sentido isso ajuda na redução do custo de livros? Se todos escrevessem PORTUGUÊS a redução do custo manter-se-ia...

- facilitação na aprendizagem da língua pelos estrangeiros;

Desacordo total...isto é facilitar para os "portugueses" se safarem melhor quando falam mal a língua materna...os estrangeiros aprendem bastante fácil, veja os imigrantes que temos no país!

- simplificação de algumas regras ortográficas.

Regras são regras...
Caso adopção = adóção lido querem escrever adoção = adução existe o verbo aduzir e a palavra adução...tirando a letra dita muda torna uma palavra grave em aguda, lê-se de outra maneira...depois eu digo facto leio o C, digo Contacto leio o C digo Egipto leio o P...assim como os brasileiros dizem "recépição" o p não é mudo e em PT já se escreve receção = recessão...mudem tudo...acho que deveriamos falar à troglodita, vocâ também não acha?

Devomos nos adaptar! Quebrar paradigmas é bom!!!
Adaptar sim, mas a coisas novas e a língua portuguesa não está a ser inventada por quem fala e escreve mal o ortuguês correcto!

F. do Valle disse...

Quem vem aqui falar de plágio deve sofrer de alguma dificuldade intelectual. Na verdade, o texto pega no tema da escrita fonética do modo óbvio e desconstrutivo que convém quando se visa reduzir, pelo absurdo, os argumentos contrários. Querem aproximar a escrita da oralidade? Então, suprimam o "h" inicial! E, por aí adiante, dá nisto. Só mesmo quem não tem capacidade para perceber a História da Carochinha precisaria de bibliografia de apoio para chegar a esta formulação.
Renovo os parabéns (que já endereçara há dois anos) à autora pela brilhantíssima ironia que, pelo que se vê, incomodou tantos acordistas. Alguns são, cobardemente, anónimos. É natural. Não dão a cara porque, certamente, têm algo diverso para dar.
Fernandes do Valle.

Leonor Carvalho disse...

Parabéns! Adorei o excelente texto, cheio de humor mas, sabe-se lá, próximo de uma realidade não muito distante.Tomei conhecimento do texto por mail e não quis deixar de fazer o meu comentário.
Porquê ter de uniformizar as várias grafias?
Tenho lido vários autores brasileiros, angolanos e moçambicanos e são perfeitamente compreensíveis e, pelos vistos, o contrário também é verdadeiro, a avaliar pelos comentários que li neste blog. Como professora, sou obrigada a utilizar a nova grafia e os próprios alunos fartam-se de reclamar. Afinal a quem serve o AO? Aos políticos? Tenho esperança que se repense a situação, até porque há muitos sectores (setores!?)que não estão a utilizar o AO.
Cumprimentos
Leonor Carvalho

Pepe, Imagem e Comunicação, Lda. disse...

Três reparos:
- O "s" no final das palavras prolonga o som da vogal que está antes;
- O “x” lê-se “xis”. O “ch” lê-se “xe”. O correto é ficar “ch”;
- Na palavra "designar" o "g" não é mudo.

Em todas as evoluções da língua escrita houve contestatários que não queriam (querem) aceitar as mundanças.

Como comentar ou alterar o trabalho dos outros é muito mais fácil do que fazer e propor uma ideia nova, gostava de saber a sua proposta para a língua portuguesa ficar mais perfeita.

Cumprimentos
José Clemente

F. do Valle disse...

Ao comentário anterior, acrescento que as impròpriamente chamadas consoantes mudas desempenham uma função fonética. Já o "h" inicial tem carácter puramente etimológico.
Para quê mexer e tentar aperfeiçoar? A nossa Língua padece de algum defeito? Mudar é virtuoso? Porquê?
Mas, se mudar é possível e é bom, então regressem os acentos estùpidamente retirados em 1971 (eu, como se vê, ainda os uso).
Uma pequena nota: o AO90 aproxima ortogràficamente a Língua Portuguesa de Portugal da que o Brasil usava na década de 1930. Recuar 80 anos é uma evolução?!...
Bem, os acordistas têm uma estranha noção de progresso. Decididamente, não é a minha.

Cecilia disse...

Olá Jacincto: Parabens pelo poncto de vista!! Gostaria que considerásse tambae a nossa posicção, visitando a nossa página de feicebucq: https://www.facebook.com/pages/Movim%C3%AAncto-%C3%A2ncti-%C3%82cordo-%C3%94rctogr%C3%A1fico/162821347101533
tem estado um bocado paráda mas o assunto é inesgoctável. Se gostar, diga que gosta :)

MCA disse...

Prompto! Já gosctei!

MCA disse...

José Clemente, "aperfeiçoar"? Mas porquê? A língua portuguesa está bem como está. Já estava bem no tempo do Fernão Lopes e se mudar por evolução natural (e não por decreto) continuará a estar bem.

Pepe, Imagem e Comunicação, Lda. disse...

"Perfeição" foi a última palavra do seu texto. Daí apareceu o meu aperfeiçoar.

Em todo o caso não sou a favor nem contra o novo acordo. Apesar de ser um "antiquado conservador" já estou a escrever alguns textos segundo as novas normas. Podem-se lembrar de me obrigar a fazer a escolariedade obrigatória outra vez.

Espero ainda cá estar daqui a 20 anos para ler o seu comentário sobre o próximo acordo ortográfico.

José Clemente

MCA disse...

Oxalá que sim. Volte sempre :-)

Antonio Amorim disse...

Obrigado por esse belo exercício, talvez trabalhoso mas bom.Burro velho ñ aprende linguas. Abstenho pois do novo acordo. Como diz um anónimo,basta ler alguns textos da nossa juventude na net. Quando pego num jornal, 1º leio as gordas depois faço as palavras cruzadas e resolvo sempre o problema, ia ser um problema mais difícil. Para fazer rimar umas quadras também seria mais difícil. Prometo voltar.

MCA disse...

Obrigada. Será sempre bem vindo.

Paulo Rato disse...

É inadmissível o erro que comete no final da sua exposição (aliás, bastante incompleta, no que se refere às alterações a introduzir, de modo a tornar o português - fazendo em papa rala, ortograficamente, as suas diversas normas - numa língua verdadeiramente universal, suplantando o inglês que, como toda a gente sabe, se escreve sempre da mesma maneira, por todo o lado - basta visitar o corrector do Google, para o comprovar - e é de uma simplicidade e modernidade de grafia que inté me faz cócegas na glote da pena de pato que habitualmente uso...) Não é "ortografia" que s'escreve, mas, creio (vim de umas férias "sem computadores nem simpatizantes" e estou a fazer uma rápida leitura do correio electrónico, que foi por onde aqui cheguei, pelo que, provavelmente, me escapam muitos pormenores), "ortugrafia"!
Mais a sério, e tendo em mente os dizeres d'alguns comentadores que dizem apoiar o AO - eu chamo-lhe Aborto Ortofágico, por razões que, eventualmente, poderei explanar noutra altura - e outros que levantam a lebre trôpega dum pretenso "patrioteirismo": o problema do AO é muito fácil de diagnosticar e descrever.
É absolutamete desnecessário, não vai contribuir para coisa nenhuma, nomeadamente, quanto à pretendida "difusão" da língua (veja-se o rai' do "inglês", ortograficamente muito mais "arcaico", críptico e multiforme), não vai impedir, a mais ou menos longo prazo, que as diversas normas evoluam para línguas diferentes (a começar pela brasileira, que já assoma, na oralidade e na escrita), não assenta em critérios nenhuns - por muito eruditos que se apresentem os seus perpretadores: erudição sem inteligência nem abrangência cultural é igual a zero -, pelo que é fútil a discussão sobre os "critérios" em que se pretende, bondosamente, que este AO se baseia, ou em que se propõe dever basear-se um outro qualquer e igualmente inútil AO; e... em consequência, abarrota de disparates, de questões que só podem estar mal resolvidas porque não têm resolução viável, enfim, cientificamente está ERRADO (as excepções serão uns poucos pormenores irrelevantes, daquelas coisas que mesmo o maior dos cábulas sabe expelir num exame... mas que não dão para passar do "medíocre"). Ora, isto já foi mais que demonstrado, sem recurso a argumentos patrioteiros, por pessoas habilitadas, eruditas, cultas e inteligentes.
O resto é treta, ignorância, argumentação "oficial" destituída de nexo mas prenhe de "legalidades", cumá do Chico Zé ("existe a lei, cumpra-se"), armado em Secretário Destado da Cultura (hã?!... ó Chico, será que foste sempre assim e eu nunca reparei?...)
Desculpem qualquer coisinha...

Zurk disse...

Gostei do texto. É uma boa caricatura, mas como qualquer boa caricatura amplia e distorce a realidade.

De qualquer modo não vejo porque simplificar não possa ser um bom critério de mudança. E se, ao contrário do que acho desejável, se decidir legislar uma mudança, como foi o caso, então acho mesmo que a adaptação à fonética de ser a base de uma simplificação .

António Eça de Queiroz disse...

O aborto da Pasteleiro Malaico é como o milho transgénico, tem o ADN estragado.
O que me irrita mais nisto tudo é o objectivo central: negócios e mais nada!

Rodrigo Silva disse...

"Purqe naum simplifiqar, naum e?"
Adorei o texto. Traz à tona o fato de que, na lógica do Acordo, nós, usuários nativos do idioma, temos que adequá-lo, simplificá-lo para torná-lo mais palatável, comercializável.
Estou de acordo contigo, contra o acordo.
Parabéns!

Pedro Dias disse...

A sua ironia diverte-me. Tal como a deve divertir eu afirmar que estou de acordo com o seu texto, ainda que despojando-o da sua ironia. Vivo num país não lusófono e já desisti de explicar que o meu nome se lê "pêdru", embora se escreva Pedro. Ou que o meu apelido soa a "diâschh" e não a Diaz. Estou cansado de explicar porque é que os portugueses não pronunciam os "H" em inglês, fazendo "eat" e "heat" ou "art" e "heart" soarem exatamente iguais. Não basta a nossa gramática ser bastante difícil, ainda complicamos mais o português através de uma grafia complexa. Seguindo a sugestão do seu texto, não estariamos a fazer mais que imitar as línguas eslavas, onde a cada letra corresponde apenas um fonema. O português nunca ultrapassará as fronteiras da CPLP, além de ser aldrabado todos os dias dentro dessas fronteiras, devido à sua complexidade. Mas agarremo-nos ao velho acordo. Porque o novo é como uma nova versão do MS Windows. Pode ser mais prática e mais evoluída, mas é demasiado aborrecido ter de mudar...

Luís Miguel Sequeira disse...

Naum prsbi qaz nada dext taxtu.

Axu q e demaziadu intleqtual para mim.

Anónimo disse...

Só hoje li o seu texto e queria apenas dizer-lhe que, para além de ser um exercício engraçado, nada mais se encontra de útil (se é que ser engraçado pode ser útil para uma discussão tão relevante como é a da evolução da nossa língua). Experimente escrever de acordo com o novo AO e verá que não é assim tão absurdo. De facto (e não de fato, já que está prevista a dupla grafia), o seu texto revela um profundo desajustamento da sociedade em que vive. A língua não é propriedade de um grupo de letrados que, sem qualquer dificuldade, compreendeu e memorizou quando usar o c ou p (mudo ou surdo, como queira), a língua é partilhada por toda uma comunidade, letrada e iletrada. A língua escrita tem de estar próxima da oralidade, só assim se evitará a profusão de erros ortográficos perfeitamente desnecessários.
Quando quiser falar sobre a hifenização ou a acentuação de palavras no novo acordo, já que o AO não é só feito de tiro às consoantes, conte comigo para a desaprovação. Preocupa-me bem mais o para e o para (de parar), o ganhamos e ganhámos (ainda que opcional) do que não escrever letras que não se leem (antigo lêem)…

Anónimo disse...

Paciência. Existem pessoas que acham que a língua é estática e, por isso,, para elas, ainda devíamos falar e escrever em latim, o que simplificava muito a perceção das missas dos acólitos de Monsenhor Lefebre e quejandos.

Phronesis disse...

Que excelente exercício! Ainda melhor, na minha opinião, do que o 'apócrifo' de Mark Twain - ou de M. J. Shields (ou, mais provavelmente, de Dolton Edwards (pseudónimo de W. K. Lessing), em 1946)*. Não fornece, em rigor, argumentos (implícitos ou explícitos) contra a utilização deste AO, mas é uma peça paródica feliz e refinada.
É tão bom (lamento dizê-lo) que é altamente improvável que qualquer texto posterior seu possa pedir-lhe meças.
*Descobri isso hoje - aqui, por exemplo: http://www.spellingsociety.org/journals/j31/satires.php.

Paulo Lopes

costa simoes disse...

Não estou com pachorra para ler esta treta toda.Sei é do seguinte: Não vale a pena acordos /e não acordos.A poderosa lingua Portuguesa vai encontrar o seu caminho nos países maiores da lusofonia. Digo mais:Portugal vai contuniar mas enserido nos paises de expressão Portuguesa. Tenho dito

MCA disse...

«Enserido»... está bem.

Pedro disse...

Quer dizer então que não há aspectos a refutar?

Quanto aos seus argumentos, só encontro "validade" no economicista.

Quanto à facilitação da aprendizagem: a proximidade etimológica não apenas facilita a aprendizagem do Português por estrangeiros como facilita a aprendizagem de línguas estrangeiras por falantes do Português - critério refutado.

Relativamente à simplificação: acha mesmo que criar novas irregularidades facilita alguma coisa a alguém? Se uma das características da linguagem (pergunte a qualquer Psicolinguísta) é a arbitrariedade do símbolo. Para simplificar dou-lhe um exemplo: porque é que em vez de "cão", o animal não se chama "ão ão"? Faria mais sentido, não? Mas qual seria a palavra para representar "ideia"? Ou "país"? Ou "abstracção"?

Uma das vantagens do Português Europeu (esse paradigma identitário em vias de extinção) sempre foi, na perspectiva dos estrangeiros que aprendem Português, a consistência da norma. O que isso quer dizer é que não é fácil trocarem-se sujeitos, tempos, artigos, etc, como acontece com a norma menos definida do Brasil (nunca ouviu coisas como "nós nunca ouviu tal coisa"?). Os erros de concordância são quase característicos do Português do Brasil. E agora temos de adaptar a nossa ortografia a um sistema fonológico muito diferente. Apesar de o AO90 deixar em aberto a dupla grafia, mas os editores determinarem qual é a forma recomendada em cada situação.

Já agora, uma achega em favor de "um" acordo ortográfico que não este aborto que 30 anos de uma carreira catedrática não fariam prever. Talvez o único argumento que encontro a favor de um acordo: fazer do (de um) Português (naturalmente que o do Brasil) uma língua oficial da ONU. Ponto final!

Pedro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pedro disse...

Já agora, e a propósito da suposta facilitação, essa questão de existirem dois ou três sons diferentes para a mesma letra e duas ou três letras para o mesmo som, em Psicolinguística chama-se: Consistência linguística. Agora reparem numa coisa, nem o Mandarim com quase 3 milhões de falantes nativos é tão falado pelo mundo quanto o Inglês. E a propósito disso, sabem qual é a língua mais inconsistente das línguas mais faladas pelo mundo? Isso mesmo, o Inglês! Muito me admira como é que uma língua "tão complicada" pode tomar esse lugar numa sociedade global que se quer a comunicar sem grandes dificuldades!... Outra coisa (só mais uma), o Português do Brasil é em si mesmo uma tentativa de tornar mais consistente a língua Portuguesa, o que em parte até foi conseguido (na relação grafema-fonema). Se repararem em Pt-Br diz-se [Brázilêiru], em Pt-Pt (de Lx) diz-se [Brâzilâir(o)]. É ou não perceptível neste simples exemplo a tentativa de "simplificação" para que a regra fonética se torne consistente? Exactamente por isso é que o paradigma fonético Português é diferente do Brasileiro, e agora estamos "obrigados" a adoptar a grafia de uma língua (por direito próprio, o Brasileiro) com pressupostos diferentes. Se quiserem um Português internacional utilizem o do Brasil, mas não nos obriguem a abdicar da nossa identidade. Mediante as consistências da evolução, o povo e os especialistas irão adoptando as "novas regras" que ganharem consistência com o passar do tempo, sem que para isso precisem de um arranjinho legislativo ou de deitar por terra uma carreira catedrática de mais de 30 anos!

Pedro disse...

Queria só dizer que me esqueci de referir que a grafia que estamos a adoptar é baseada principalmente no critério fonético, e como referi o conceito fonético é diferente em Portugal e no Brasil.

pedrinha disse...

O único aspecto positivo do AO90 é a reintegração das letras K, Y e W que um outro acordo, estupidamente, eliminou. Quanto ao resto não passa de uma tragédia cómico-degradante que o seu texto caricatural bem denuncia.

Ricardo Lopes Moura disse...

Esse texto é absolutamente lindo.

Daniel Maia disse...

Gustei da xua qlareza de penxamaintu. Para quandu o primeiru livru nexta nova perspaitiva linguixtiqa?

MCA disse...

Maravilha, Daniel Maia! Acaba de demonstrar o potencial do AO para destacar a subtil diversidade fonética do português. Só agora reparo como o meu texto deve estar carregado (sem que eu me apercebesse) de idiossincrasias da fonética lisboeta.

Anónimo disse...

Quem inventou esa lingua foi um Portugues, não se espera perfeição nela!

JSL disse...


Quer dizer ...

www.avkd.blogtok.com

Sempre avisei que esta ideia não seria de todo original, mas é defendida faz três dezenas de anos.

Muito antes de haver sms e outras provas irrefutáveis que um dia teremos o AVKD como o grande acordo mundial das línguas.

E quê? Ninguém comenta?

Viriato de Viseu disse...

Parabéns pelo texto e pelo elevado grau de humor.

Sou um dos administradores do blogue PORTUGAL GLORIOSO. Publicámos este belo naco de prosa com bastante êxito, como poderá verificar em;
http://portugalglorioso.blogspot.pt/2012/11/acordo-ortografico-no-seu-melhor.html

Deragnu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Deragnu disse...

"Portugal foi um dox primeirox paizex a abolir a escravatura i a pena de morte. Leião um texto do seculo XV, i asim pode ser qe persebam melhor o quanto são pergisozos!"
Alguns!!

Paula Fortunato disse...

Boa tarde. Gostava de saber quem é o autor do texto. Gostei muito e já o vi reproduzido várias vezes mas sem referir a autoria.

MCA disse...

O texto é meu, Paula Fortunato. Embora já tenham aparecido várias atribuições e também várias acusações de plágio de outros textos que eu nem conhecia. Veja os comentários.

António Capela disse...

Muitos parabéns à autora Maria Clara Assunção, pela inteligente demonstração da aberração do AO90, que nos querem impor. Magnífico texto!

JSL disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
JSL disse...

Eu sou o autor e como tal se me permitem;


APREHDI KOH VERNEY AKILO K A IGNORAHCIA TEIMA EM RKUZAR. O AVKD E 1 PROPOXTA D I PARA SIHPLIFIKAR KUALKER LIHGUA.

AXO MUIHTO IXTRANHO NIHGEH KOMEHTAR ..

A MINHA VAZ D TRAVALHO E O MATHRIALIXMO DIALETIKO K M PHRMIT LAHSAR O SGUIHT DZAFIO.

FASAH O SGUIHT:

S EIXPHRIMEHTAR EHSINAR 100 KRIAHSAS.

1 TURMA COH 50 ALUNOX APREHD O AVKD, EHKUANTO OUTRA TURMA COH 50 ALUNOX APREHD O ABCD ... ATUAL.

KOHKLUZAH:

A TURMA K APREHD AVKD COHSGUIRA LER E EXKRVER KORHETAMEHT EH 6 MEZX, EHKUANTO A TURMA K APREHD ABCD ... VAI DMORAR ANOX E ANOX, XGAHDO MEXMO A UNIVRSIDAD A DAR ERHOS ORTOGRAFIKOX.


KEH LER EXT TEXTO VAI IXTRAHAR AGORA IMAGINEH ALGEH VERSADO NO AVKD AU LER A IXKRITA ATUAL.

K MAKAKADA!

www.avkd.blogtok.com

ps; só admito comentários a quem conhecer e versar sobre o que fala, como por exemplo conhecer VERNEY e se envergonharem como é que ainda estamos na idade média da escrita. Até parece que a Inquisição acabou na sociedade mas manteve-se sempre na gramática.

Teresa Ramalho disse...

Quase 8 anos depois de escrito, o humor deste texto continua, com razão, a ser apreciado pela maioria dos comentadores do blog.

Unknown disse...

Boa noite,

Sou psicóloga Educacional, Com especialidade avançada em Necessidades Educativas Especiais - Dislexia e Disortografia.

Acabei de lhe enviar um pedido de amizade no Facebook.

Os meus interesses de estudo, investigação e intervenção são o desenvolvimento das competências fonológicas e a sua relação com linguagem oral e escrita; a aprendizagem da leitura e da escrita; os processos neurocognitivos que se encontram na génese da dislexia e disortografia e o desenvolvimento de métodos de ensino que proporcionem um maior sucesso na aprendizagem da leitura e ortografia.

Li atentamente, e com muito gosto, o seu artigo. Felicito-a pela análise detalhada, e cuidada, que fez das irregularidades nas correspondências fonema-grafema e das dificuldades que tais irregularidades geram na aprendizagem da leitura e, principalmente, na ortografia.

Tenho dislexia e esta condição foi uma das razões porque me dediquei à elaboração de um método facilitador destas aprendizagens "Método Fonomímico Paula Teles".

Gostaria de publicar o seu artigo no meu Facebook Profisional, porque creio que a sua leitura poderá ser um contributo para a compreensão das dificuldades, e sofrimento, vivenciado por muitas crianças e seus pais.
A sua leitura cuidada permite perceber as dificuldades experimentadas.

As pessoas com dislexia além da dificuldade em discriminar os fonemas com pontos de articulação próximos (f/v, t/d,p/b, c/g, x/j, s/z, m/n, b/d, n/d, nh/lh), têm dificuldades a nível da memória de trabalho, fonológica e visual.

O seu artigo faz uma análise detalhada das diversas irregularidades nas correspondências som→letras e letra→sons:
- Existem sons (fonemas), que são representados por letras (grafemas) diferentes.
- Existem grafemas a que correspondem diferentes fonemas.
- Existem grafemas “mudos” a que não corresponde nenhum fonema.
- Existem ainda as regras contextuais (casos de leitura).

paula.teles@netcabo.pt