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14 janeiro 2007

As razões da escolha VII

Por ocasião do Natal, o Bispo do Porto comparou o aborto à "roda dos expostos" medieval. Acho uma péssima comparação que fornece um óptimo argumento para a defesa da legalização do aborto. Na verdade é comparar o incomparável. Partindo do princípio (que o Senhor Bispo do Porto, decerto, defende) de que abortar é matar um ser humano, comparar o aborto ao abandono de uma criança é diminuir em muito a gravidade do aborto. Logo choveram comentários e críticas dos defensores da legalização, usando este argumento em seu favor e muito a propósito. Talvez a argumentação não fosse a melhor mas, com argumentos destes, os defensores da legalização não precisam de fazer campanha. Os representantes da Igreja Católica, de uma maneira geral - salvaguardadas algumas excepções - têm perdido boas oportunidades para ficarem calados, a bem da sua própria causa. Há alguns meses, o padre Domingos Oliveira, da paróquia de Lordelo do Ouro, proferiu esta frase espantosa: «Matar uma criança no seio materno é mais violento que matar uma criança de cinco anos». E fê-lo, pasme-se, durante a missa de sétimo dia da Vanessa Pereira, a menina de cinco anos que foi encontrada morta, no Rio Douro, depois de ter sido vítima de maus tratos. A campanha pelo Sim bem pode convidar um destes sacerdotes para um debate e deixá-lo falar à vontade.

As razões da escolha VI. As razões da escolha V. As razões da escolha IV. As razões da escolha III. As razões da escolha II. As razões da escolha I.

2 comentários:

Orlando Braga disse...

Sobre o abandono de crianças, escrevi ontem o “O aborto, afinal, não resolve nada”. Numa coisa estou de acordo com o bispo do Porto: o aborto é medieval. Existe hoje um “novo clero” que defende a ideia de que o feto não é um ser humano, assim como a ICAR na Baixa Idade Média se questionou se a mulher seria um ser humano. Mudaram os “padres”, mas a Idade Média voltou; hoje, os “novos padres” e “novos bispos” falam em universidades e usam bata e estetoscópio, em vez de sotaina.

Anónimo disse...

A roda dos expostos é infinitamente preferível ao aborto! Eu que o diga! Se algumas das minhas antepassadas tivessem abortado em vez de terem posto os filhos na roda dos expostos, eu não estaria aqui!!!!!