Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

29 janeiro 2009

Augusto Machado e o seu tempo

Está a decorrer, desde 22 de Janeiro e até 19 de Fevereiro, no Foyer Aberto do Teatro Nacional de São Carlos, em Lisboa, um ciclo de concertos de canto e piano, intitulado "Augusto Machado e o seu tempo" organizados pelo Maestro João Paulo Santos.
Este ciclo, que decorre às quintas-feiras, apresenta uma visão abrangente da obra do compositor português Augusto Machado (1845-1924) bem como de outros compositores seus contemporâneos portugueses - nomeadamente Alfredo Keil (1850-1907), Óscar da Silva (1870-1958), António Fragoso (1897-1918), Viana da Mota (1868-1948), Luís de Freitas Branco (1890-1955), João Guilherme Daddi (1814-1887) e Joaquim Casimiro (1808-1862) - e estrangeiros - nomeadamente Hervé (pseudónimo de Florimond Ronger, 1825-1892), Jacques Offenbach (pseudónimo de Jacob Eberst, 1819-1880) e Angelo Frondoni (1812-1891).

Com um programa variado e apelativo, este ciclo permite um contacto com compositores portugueses cujos nomes até podem ser mais ou menos conhecidos de um grande público mas cuja música é pouco ou nada executada, não só por falta de interesse por parte dos músicos mas também porque se encontra ainda por publicar.

O espólio documental de Augusto Machado encontra-se, desde há dias, integralmente reunido na Biblioteca Nacional de Portugal, graças à documentação generosamente doada pela sua bisneta, Maria Constança, a qual veio completar o espólio existente e que tinha sido vendido ao extinto IPPC, na década de 80, pelo outro herdeiro (no Programa abaixo vai a ligação para as fontes disponíveis na Biblioteca Nacional).

Cumpre também lembrar que o compositor foi um dos membros do Cenáculo, tertúlia literária de que fizeram parte Jaime Batalha Reis, Eça de Queirós, Salomão Saragga, Lobo de Moura, Manuel de Arriaga, Antero de Quental, Guerra Junqueiro e José Fontana. Desta tertúlia nasceram as famosas Conferências Democráticas do Casino, em 1871, que marcaram a formação da que ficaria conhecida por "geração de 70". Machado inspiraria Eça na criação de Cruges, o compositor de "Os Maias", descrito como «um diabo adoidado, maestro, pianista, com uma pontinha de génio».

«- Ninguém faz nada, disse Carlos espreguiçando-se. Tu, por exemplo, que fazes?
Cruges, depois de um silêncio, rosnou encolhendo os ombros:
- Se eu fizesse uma boa ópera, quem é que ma representava?
- E se o Ega fizesse um belo livro, quem é que lho lia?
O maestro terminou por dizer:
- Isto é um país impossível... Parece-me que também vou tomar café.» (Os Maias)

22 de Janeiro: CANTO E PIANO

AUGUSTO MACHADO
* Voli un giorno
* Sempre più t'amo 1873
* Soneto (Luís de Camões) 1880
* Bonjour Suzon (Alfred de Musset) 1884

ALFREDO KEIL
* Angoisse apaisée (Antoine Cros)

ÓSCAR DA SILVA
* Le chant du cygne (Luís de Camões)

ANTÓNIO FRAGOSO
* Sérénade (Paul Verlaine) 1917

VIANNA DA MOTTA
* Canção Perdida (Guerra Junqueiro) 1895

LUÍS DE FREITAS BRANCO
* Aquela moça (Augusto de Lima) 1904

AUGUSTO MACHADO
* Margarida (Eça Leal) 1908
* Era uma vez (Virgínia Victorino) 1915
* Amor! Amor! (Augusto Gil) 1919
* Pro Pace 1918
* Baccio sprezzato (Camaiti) 1918
* Primo baccio (Corradeti) 1917
* Nocturne de la douxième heure (Henri d'Erville) 1910
* La lettre (Edmond Rostand) 1912
* La Querelle (Comtesse de Noailles)
* Valse-Impromptu (Alfred de Musset)

Soprano Lara Martins
Barítono Luís Rodrigues

29 de Janeiro: ÓPERA

AUGUSTO MACHADO

LAURIANE (Magne e Guiou)1883
* M'y voilà donc!...D'une âpre ambition (D'Alvimar)
* Comme l'aube diaphane (Jovelin)
* Fuyez ce D'Alvimar (Lauriane, Jovelin)

I DORIA (A. Ghislanzoni) 1887
* Fidati a me!...Al deseto natio (Moro)
* Ho ben compreso?...Egli è là (Leonora, Fieschi)

MARIO WETTER (R. Leoncavallo) 1898
* Cena (Lydia, De Sora)

LA BORGHESINA (Golisciani) 1909
* Un'aura balsamica (Amanda)
* Trasse al bosco nel verno (Lisa, De Sterny)
* Viva l'amor (Flaminia)
* Da St. Germain tornando (Prospero, De Sterny)

ROSAS DE TODO O ANO (Júlio Dantas) 1920
* Cena (Inês)

Soprano Ana Ester Neves
Tenor João Cipriano Martins
Barítono João Merino

5 de Fevereiro: MÚSICA DE CÂMARA

AUGUSTO MACHADO
* Vieilleries: Menuet, Gavotte, Gigue Portugaise

JOÃO GUILHERME DADDI
* Larghetto ( 2º Andamento de Morceau de Salon)

ALFREDO KEIL
* Juin langoureux

AUGUSTO MACHADO
* Bolero et Andante 1870
* Berceuse
* Maria Constança - Valsa (dedicada à neta) 1914
* Prelúdio e Fuga 1917
* Miniaturas
* Petits jeux
* Cache cache
* Colin maillard

VIANNA DA MOTTA
* Cena nas Montanhas e Presto (2º e 3º Andamentos de Quarteto em sol maior) 1895

Quarteto Vianna da Motta:
Violino I António Figueiredo
Violino II Witold Dziuba
Viola Hugo Diogo
Violoncelo Irene Lima

19 de Fevereiro: OPERETA

HERVÉ

LE PETIT FAUST (Jaime e Crémieux) 1869
* Complainte du roi de Thulé

JACQUES OFFENBACH

ORPHEE AUX ENFERS (Crémieux e Halévy) 1874
* Couplets des baisers

LA GRAND-DUCHESSE DE GEROLSTEIN (Meilhac e Halévy) 1867
* Air de la lettre

ANGELO FRONDONI

O BEIJO (Silva Leal) 1844
* Tal não sou, bela Joaninha (Joaninha, Filipe)

JOAQUIM CASIMIRO

NEM TURCO NEM RUSSO (Costa Cascais)1844
* Couplets turcos

A MULHER DE TRÊS MARIDOS
* Couplets

AUGUSTO MACHADO

A CRUZ DE OURO (Athaíde e R. Lima) 1873
* Romanza d'Austerlitz

A GUITARRA (Eça Leal) 1902
* Quarteto (Eufémia, Alexandrina, Joaquim, Mimoso)

PICCOLINO (V, Sardou/E. Garrido) 1889
* Couplets de Frederico

A LEITORA DA INFANTA (tradução de Eça Leal) 1893
* Trio e Couplets (Mercedes, Rafael, Doutor)
* Serenata (Rafael)

OS FILHOS DO CAPITÃO-MÓR (E. Schwalbach) 1896
* Quarteto dos Ecos (Maria, Cogominho, Gonçalo, Romão)

TIÇÃO NEGRO (H. Lopes de Mendonça) 1902
* Duetino (Cecília, Apariço)

VÉNUS (A. Antunes) 1905
* Romanza
* Valsa do fogo
* Canção báquica

O ESPADACHIM DO OUTEIRO (H. Lopes de Mendonça) 1910
* Dueto (Frangalho, Violante)
* Aria (Ines)
* Dueto (Violante, Inês)

O RAPTO DE HELENA (A. Antunes) 1902
* Couplets (Giraffier)
* Brinde-Valsa

Soprano Dora Rodrigues
Soprano Sandra Medeiros
Tenor Mário Alves
Barítono Mário Redondo

28 janeiro 2009

Retratos à Sexta

Na sexta-feira passada participei, pela primeira vez, de um interessante projecto do fotógrafo retratista Fabrice Ziegler, francês radicado em Portugal.
Nascido em Thionville (Alsácia-Lorena) cresceu em Estrasburgo, onde descobriu as artes plásticas, a culinária e a fotografia. Estudou fotografia em Paris mas foi na Provença, em Nîmes, que descobriu a luz e a cultura mediterrânicas.
O que o trouxe à capital portuguesa foi um amor e o seu trabalho. Vive em Lisboa há dez anos e, para ele, «Lisboa é a cidade que fica ao lado do Tejo. O resto é conversa e é igual ao que se encontra em qualquer cidade do mundo».
No projecto Retratos à Sexta Fabrice Ziegler «desenvolve uma relação com o público em geral, criando para isso um espaço de representação onde o sujeito assume a pose que o instantâneo fotográfico vai captar. Os transeuntes são convidados a "entrarem" no estúdio fotográfico, a sentarem-se e a deixarem que o artista molde a luz para que a obra surja. Com base na troca, o modelo dá a cara e o fotógrafo, as fotografias.» (Jornal de Torres vedras, 26 Dez. 2008)
Todas as sessões (às sextas, de quinze em quinze dias) têm um tema e os participantes/retratados são convidados a levar um objecto ou uma ideia alusiva ao tema. Nesta sexta, o tema era a vaidade e eu escolhi, como objectos fétiche, um chapéu à "anos vinte" essa época que representa o auge da coquetterie e da vaidade. E o chapéu fez sucesso porque acabou na cabeça de mais duas participantes. Não ao mesmo tempo, claro...
Levei também a minha bóina basca, simbolicamente oposta à vaidade física mas símbolo de resistentes e artistas, ao longo de séculos e em diferentes contextos: símbolo de vaidade intelectual e patriótica. Não será, afinal, tudo vaidade?
Aqui está o resultado de uma noite de intenso trabalho que eu acompanhei durante várias horas. Eu estou algures.

16 janeiro 2009

Retratos de Portugal

Miki é uma ilustradora que viajou por Portugal, com o seu companheiro, o músico de rock Kev Moore, durante seis semanas (Junho e primeira quinzena de Agosto), tendo escrito as suas impressões de viagem e feito magníficas aguarelas de tudo quanto via. Agradeço ao Fernando Vilarinho, que me enviou este link que agora tenho o prazer de partilhar com os visitantes da biblioteca de Jacinto.

A Ericeira da minha infância


Café em Barca d'Alva (estive aqui algumas semanas antes dela) E mais não ponho porque o que vale mesmo a pena é seguir o link e ver as 173 aguarelas. Todas excelentes.

15 janeiro 2009

Novidades queirosianas

«A Associação dos Amigos da Biblioteca Nacional de Portugal, que conta com a Autoridade Nacional de Comunicações como um dos seus principais associados, financiou recentemente mais uma importante aquisição de espécies que vieram enriquecer as colecções da BNP. No leilão de Silvas e Luis Burnay, realizado em Lisboa em Dezembro de 2008, foram adquiridas as seguintes espécies: um fragmento autógrafo de O Primo João de Brito – versão primitiva da obra O Primo Basílio – que se vem juntar aos que a BNP vem adquirindo desde 1999 a possuidores diversos. De realçar, ainda, a compra de outro fragmento autógrafo, desta feita de A Relíquia.»
(Fonte: sítio da Biblioteca Nacional de Portugal)

08 janeiro 2009

Último concerto da temporada

Concerto de Ano Novo, pelo Grupo Vocal Arsis, sexta-feira, 9 de Janeiro, pelas 21h00, no Centro Cultural de Cascais.

02 janeiro 2009

Concertos de Natal / Ano Novo em Lisboa



Dia 4 de Janeiro, na Igreja de Santo Eugénio, no Bairro da Encarnação, em Lisboa, pelas 16h00.
No dia seguinte, pelas 18h30, na Biblioteca Nacional.
Ambos com entrada livre.