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31 dezembro 2017

2018

Com a idade que tenho já não consigo escrever coisas como "tenham um ano fantástico". Não existem anos fantásticos. Quando perdi o meu Pai pensei (mesmo) que nunca mais iria sentir alegria na vida. Mas a vida não é assim, as coisas não são assim. Muitas pessoas que conheço vão entrar no novo ano com menos o pai, a mãe, um filho, um irmão, um amigo. Outras com um amor perdido ou um casamento acabado. Outras, ainda, já não vão ter emprego. Muitas pessoas que conheço estão a aprender a viver com perdas irreparáveis. Outras vão entrar no novo ano com mais um filho, um neto ou um sobrinho ou com um novo amor na sua vida; ou um novo emprego, uma nova carreira. Algumas tiveram (ou terão) as duas coisas ao mesmo tempo. Um pai que morre no mesmo ano em que nasce uma filha... Não há anos fantásticos, desculpem. Não é da idade, é da experiência.

Ninguém sabe o que o espera e ninguém controla a vida e a morte, os amores e os desamores. A vida é feita de perdas, não de ganhos. Um recém-nascido é um mundo em potência, não importa onde ou como nasce ou quão rico ou pobre. É a vida que vai eliminando as opções e esculpindo o que cada um vem a ser. Somos o que perdemos. Ou antes, somos o que vai ficando do que perdemos.

Por isso, meus caros amigos, façam o melhor possível do que são e do que têm. Agarrem as oportunidades. Controlem os danos. Aproveitem enquanto têm pais, prestem atenção aos vossos filhos, mantenham o contacto com os vossos amigos e afastem-se de quem vos faz mal. Se querem muito alguma coisa, façam por a conseguir. Não ignorem a vossa consciência mas não deixem que ela vos paralise. Lembrem-se de que terão de viver convosco a vida toda e é melhor manter essa relação saudável.

Um 2018 bem vivido.