Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

25 novembro 2013

Absurdo

Confesso-me “estupefata”. Há pouco mais de quatro anos, escrevia eu aqui um texto mais ou menos humorístico – que viria, dois anos depois e para grande surpresa minha, a tornar-se viral na Internet – onde ironizava sobre o Acordo Ortográfico e procurava – penso que com algum sucesso – desmontá-lo pelo absurdo.

Eis se não quando (caso nunca visto!) sai um senhor brasileiro a propor, sem se desmanchar a rir, o mesmo que eu já tinha proposto mas a rir-me que nem uma perdida enquanto dedilhava a absurda prosa. Propõe o dito senhor, de sua graça Ernani Pimentel, exactamente o mesmo que eu e com os mesmos argumentos. Nem vale a pena citá-lo, basta ler o meu textozinho, está lá tudo.

Para completar esta comédia, foi este senhor chamado à Assembleia da República para opinar sobre a simplificação da ortografia e apresentar aos senhores deputados as ideias que me roubou.

Eu até já tenho medo de ser irónica por isso não brinco mais com este assunto. Leiam com atenção porque só escrevo isto uma vez: quando alguém propõe a sério – e é levado a sério por um órgão de soberania – o que antes era apresentado como absurdo, é porque o absurdo chegou ao Poder.

Ouvi dizer que os Monty Python estão de volta.

Apostila: Esclarece-me o Rui Miguel Duarte, entretanto, que o dito senhor brasileiro não foi chamado à Assembleia da República, antes pediu para ser ouvido. E os nossos representantes ouvem-no, pois então. Pena que não tenham o mesmo zelo quando se trata de ouvir os portugueses.

22 novembro 2013

Entra

Entra: marchinha: grande sucesso do programa "conserve o seu sorriso" Rádio Peninsular. Letra de Stélio Gil, música de Helena Luiza Moreira Viana. 1946
 
Entra, entra meu bem,
Entra que estás a agradar
Entra, entra com o pé direito
Que o esquerdo não dá geito
Só serve p'ra 'trapalhar!

O entrar tem seu preceito
Embora julguem que não
Quem não entrar a direito
Leva o ano ao encontrão

É preciso ter cautela
Quando se fôr a entrar
Pois uma escorregadela
Faz a gente atrapalhar!

20 novembro 2013

Dies irae - Miguel Torga

Dies irae

Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.
Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.
Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.
Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!
                         
Miguel Torga

17 novembro 2013

Outono dos Livros 2013: feira de edições, Biblioteca Nacional de Portugal


Leituras

“Like all things in the universe, we are destined from birth to diverge. Time is simply the yardstick of our separation. If we are particles in a sea of distance, exploded from an original whole, then there is a science to our solitude. We are lonely in proportion to our years.”
(Ian Caldwell ; Dustin Thomason - The rule of four)