Esta noite tive um pesadelo.
Um vírus desconhecido tinha invadido o planeta e contaminado toda a Humanidade. Começado num país asiático, tinha-se propagado insidiosamente como uma mancha de óleo por vários países tornando-se rapidamente incontrolável. Era um vírus muito estranho, aparentemente inofensivo mas tão contagioso que qualquer pessoa que o apanhasse rapidamente o propagava por todos aqueles com quem contactasse. O vírus tinha outra característica especialmente tenebrosa: os jovens saudáveis mal notavam os seus efeitos mas os velhos e doentes adoeciam gravemente e morriam.
O pior do pesadelo era o medo que se entranhava nas pessoas. Não era um medo comum, não era o medo normal de uma doença. A maioria das pessoas não tinha medo de ficar doente. O pior deste vírus era causar um medo diferente e terrível: as pessoas tinham medo de matar os próprios pais.
Por causa deste medo, centenas de milhões de pessoas em todo o mundo fecharam-se em casa. Algumas das grandes cidades do mundo tornaram-se cidades-fantasma. Paris, Roma, Madrid, Lisboa, as avenidas, as praças monumentais, os grandes edifícios, os jardins estavam totalmente vazios como gigantes cenografias de um filme antigo.
No meu pesadelo ouvi um governante de um país rico e desenvolvido dizer que o seu Governo não iria cuidar dos velhos porque não valia a pena gastar dinheiro com quem já não era produtivo e útil à economia e, de qualquer maneira, iria morrer em breve. Ouvi-o dizer que era melhor deixar o vírus circular na população, deixando os jovens e saudáveis ganharem imunidade enquanto os velhos e doentes morriam. Também o ouvi falar com desdém dos povos de países menos ricos e da forma como as pessoas desses países se afeiçoavam aos seus familiares, da forma como netos e avós se amavam, acarinhavam e protegiam mutuamente e como todos pareciam precisar uns dos outros e sentirem-se felizes por isso.
Neste pesadelo também vi médicos, enfermeiros, auxiliares de saúde completamente esgotados, a trabalharem vinte e quatro sobre vinte e quatro horas, sem irem a casa, sem dormirem, para salvar todas as vidas que pudessem e também vi a sua alegria sempre que puderam enviar um doente para casa por se encontrar curado.
O pesadelo não acabou, acordei sem lhe ver o desfecho. Pode ser que, um dia destes, volte a sonhar e já não seja um pesadelo.
31 março 2020
28 março 2020
Covid 19
Queridos amigos, acho que muitos ainda não tomaram consciência de que os
vossos pais, as vossas mães, aqueles tios ou amigos mais velhos de quem
tanto gostam, ficarão sozinhos no hospital, sem visitas, se apanharem o
Covid19. Sozinhos. Vocês só saberão deles pelos serviços hospitalares e
eles não terão o conforto da vossa presença e da vossa mão. Se
morrerem, morrerão sós e numa enorme angústia.
Por favor, pensem nisso.
Protejam-se para os protegerem.
Nada do que está a acontecer é normal. Não ajam normalmente.
Não saiam de casa. Se forem dar um passeio, façam-no em sítios isolados onde não se cruzem com pessoas. Não se sentem em bancos de jardim, não se encostem, não usem os aparelhos de ginástica que há nos jardins.
Protejam-se e protejam os vossos familiares mais vulneráveis.
Vamos ter muito tempo para estar juntos quando este pesadelo acabar. E vai acabar!
Por favor, pensem nisso.
Protejam-se para os protegerem.
Nada do que está a acontecer é normal. Não ajam normalmente.
Não saiam de casa. Se forem dar um passeio, façam-no em sítios isolados onde não se cruzem com pessoas. Não se sentem em bancos de jardim, não se encostem, não usem os aparelhos de ginástica que há nos jardins.
Protejam-se e protejam os vossos familiares mais vulneráveis.
Vamos ter muito tempo para estar juntos quando este pesadelo acabar. E vai acabar!
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