Não é, em rigor, um post. É a sondagem do Público com resultados, no mínimo, estranhos: «embora a maioria defenda o "sim" no referendo, são mais (45%) os que dizem não dever ser autorizada a IVG "quando a mãe não deseja ter um filho" do que os que acham que deveria ser autorizada (43%)». Esquizofrenia ou falta de informação?
Agora, sim, alguns bons posts sobre o aborto:
Um post do movimento Médicos pela escolha, esclarece aspectos relacionados com a "depressão pós-aborto" (ou sua inexistência).
Um post do Blogue do Não, com um texto da Ordem dos Médicos que esclarece aspectos relacionados com as "lesões psíquicas irreversíveis" (ou a sua inexistência) causadas por uma gravidez indesejada.
Um conjunto de respostas aos argumentos do Não por alguém que vai votar Sim.
Um post do Blogue do Não em defesa da actual lei.
Outros posts sobre o aborto já referenciados n'A biblioteca de Jacinto.
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1 comentário:
Nuno Serras Pereira
11. 01. 2007
Em 1998, Luz de Vasconcellos e Souza convidou-me para um café, depois de jantar, em casa de seus pais. Para além da Luz, estavam sua mãe, Sofia de Melo Breyner Andresen, Pedro Líbano Monteiro (não confundir com o antigo quadro do BCP, de quem é parente) e parece-me que também um jovem, de que agora não recordo nem a fisionomia nem o nome.
Conversou-se sobre assuntos vários entre os quais, surgiu naturalmente, pela sua proximidade, o do referendo sobre a liberalização do aborto. Sofia também esse tema com a simplicidade e profundidade luminosas que lhe eram habituais. De tudo o que lhe ouvi, o que mais me marcou foi uma pequena partilha que culminou numa breve sugestão. Disse: “Uma vez mostraram-me fotografias de fetos abortados. O que mais me impressionou foi o seu ar de humilhação (ou de humilhados). Espalhem imagens dessas com a frase: «aqueles que ninguém quis amar»”.
Já não recordo, ao certo, quais as razões ou circunstâncias que nos levaram a não concretizar a proposta que brotou do seu desabafo. Mas ela gravou-se-me de tal sorte na mente que ainda hoje a recordo como se me tivesse sido feita há 10 minutos.
De facto, a humilhação não consiste em ser julgado por ter prevaricado, por ter cometido um crime, a grande humilhação, a maior das humilhações é não ser reconhecido e respeitado por aquilo que se é, um ser humano, uma pessoa; é ser aniquilado, na fase de maior vulnerabilidade, pela decisão despótica de quem o gerou; é ser vítima da renúncia geral à sua protecção e da conjura comum para o destruir.
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