1988 foi um dos anos mais marcantes da minha vida pessoal. Por uma razão ou por outra, tudo o que é a minha vida hoje (desde a profissão que tenho à pessoa com quem casei) teve o seu ponto de partida nesse ano. E não, não foi o ano em que escolhi o curso nem foi nesse ano que entrei para a faculdade. Pelo contrário, em 1988 acabei a licenciatura por isso essa parte já deveria estar definida há, pelo menos, uns quatro anos. Também não foi nesse ano que decidi fazer a Especialização em Ciências Documentais. Pelo contrário, nunca tinha pensado em ser bibliotecária e só entraria para esse curso em 1992, para a variante de Arquivo. Também não foi em 1988 que conheci o meu marido ou quem mo apresentou. Não foi nada tão óbvio.
Quando recuo nas minhas memórias, reconstituindo um encadeado de acontecimentos em sentido inverso, chego a um ponto, um momento, uma conversa curta e aparentemente irrelevante, um fait divers, algures em finais de Maio, cujas consequências não poderia prever no momento, nem pude avaliar durante muito tempo mas que me permitem hoje, a esta distância, afirmar com toda a segurança: se não tem sido esse momento, a minha vida hoje seria outra. Melhor ou pior não sei. Seguramente, outra.
Preocupamo-nos tanto com as grandes decisões que tomamos na vida - o curso, o emprego, a casa... - porque achamos que ali está toda a nossa vida. No entanto, o ponto de viragem, o momento absolutamente decisivo, aquele a partir do qual tudo se define pode estar na escolha banal entre ir tomar um café ou ir ao cinema. Sem nos apercebermos, podemos estar a "mudar a agulha" e a traçar o nosso destino.
Nunca sabemos a verdadeira dimensão dos nossos passos.
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7 comentários:
Excelente dissetação sobre a vida Clara.
Um grande 2008 para ti.
Beijo
dissertação (errata)
Certo. Certo. Certo. Os acasos existem e decidem muita coisa, quer gostemos, quer não.
Excelente texto,como sempre Clara.
Os acasos são assim mesmo...por vezes exemplares.
Bom Ano para si da GRANJA e dos Granjolas.
Beijinhos
isabel sousa
pode estar na escolha banal entre ir tomar um café ou ir ao cinema. Sem nos apercebermos, podemos estar a "mudar a agulha" e a traçar o nosso destino.
muito interessante; tambêm tenho ideia que foram as "pequenas coisas" que assumiram um papel relevante na minha vida!
é o fado !
tens razão.
Bom ano !
Adorei esta dissertação amiga
foi para mim dos melhores post que li até hoje,
Em cada dia, em cada momento, em cada palavra, em cada gesto, em cada coisa simples que fazemos podemos estara definir o nosso futuro e a nossa vida
beijos
José pedro
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