Há precisamente um ano escrevia aqui que, pelo caminho, ficavam 242 posts e novos amigos esperando que na paz estirada das suas poltronas encontrassem sempre os seus visitantes motivos para quererem voltar.
Como o demonstra a frieza da estatística (69 posts, apenas), este 2º ano d'A biblioteca de Jacinto, que ontem acabou, não foi um ano feliz para a bibliotecária de Jacinto. Assim quis o Eterno, na sua ininteligível sabedoria.
A irreversibilidade da morte é um problema existencial terrível. Neste mundo em que estamos habituados a lidar com máquinas que se arranjam ou se substituem, com computadores que "cracham" mas que nós desligamos e voltamos a ligar, em que quase tudo é descartável ou reciclável (até a gravidez!), em que a mortalidade infantil é residual, em que quase todas as doenças têm prevenção ou cura e a longevidade é expectável, não estamos minimamente preparados para lidar com a morte. Faltam-nos os anticorpos que os nossos antepassados (mesmo os mais próximos) desenvolviam desde crianças, habituados a ficar órfãos cedo, a verem os irmãos morrerem à nascença ou com poucos anos de vida. Ainda bem, claro, dispensamos esses anticorpos mas depois, quando a morte nos atinge de perto, estamos muito mais vulneráveis.
Ao contrário do que pensamos quando somos jovens, não é com a idade que envelhecemos. É com a perda. Por isso (e não por causa da medicina ou da cosmética) se envelhecia mais cedo antigamente do que hoje.
De um dia para o outro envelheci uns dez anos ou mais. Já não tenho aquele "farol" cuja luz eu sempre continuei a avistar, mesmo quando me lancei a navegar sozinha, no meu próprio barco, e deixei de ter vista de terra. Agora são as estrelas que me guiam.
Quanto a esta vossa biblioteca, sinto que há um qualquer laço invisível entre mim e aqueles que me lêem, entre a biblioteca de Jacinto e os seus visitantes, que me tem feito e, enquanto o quiser o Eterno, me fará continuar.
Obrigada a todos.
Como o demonstra a frieza da estatística (69 posts, apenas), este 2º ano d'A biblioteca de Jacinto, que ontem acabou, não foi um ano feliz para a bibliotecária de Jacinto. Assim quis o Eterno, na sua ininteligível sabedoria.
A irreversibilidade da morte é um problema existencial terrível. Neste mundo em que estamos habituados a lidar com máquinas que se arranjam ou se substituem, com computadores que "cracham" mas que nós desligamos e voltamos a ligar, em que quase tudo é descartável ou reciclável (até a gravidez!), em que a mortalidade infantil é residual, em que quase todas as doenças têm prevenção ou cura e a longevidade é expectável, não estamos minimamente preparados para lidar com a morte. Faltam-nos os anticorpos que os nossos antepassados (mesmo os mais próximos) desenvolviam desde crianças, habituados a ficar órfãos cedo, a verem os irmãos morrerem à nascença ou com poucos anos de vida. Ainda bem, claro, dispensamos esses anticorpos mas depois, quando a morte nos atinge de perto, estamos muito mais vulneráveis.
Ao contrário do que pensamos quando somos jovens, não é com a idade que envelhecemos. É com a perda. Por isso (e não por causa da medicina ou da cosmética) se envelhecia mais cedo antigamente do que hoje.
De um dia para o outro envelheci uns dez anos ou mais. Já não tenho aquele "farol" cuja luz eu sempre continuei a avistar, mesmo quando me lancei a navegar sozinha, no meu próprio barco, e deixei de ter vista de terra. Agora são as estrelas que me guiam.
Quanto a esta vossa biblioteca, sinto que há um qualquer laço invisível entre mim e aqueles que me lêem, entre a biblioteca de Jacinto e os seus visitantes, que me tem feito e, enquanto o quiser o Eterno, me fará continuar.
Obrigada a todos.
8 comentários:
Não vejo porque desistir. O caminho é e será sempre para a frente, por isso haverá sempre alguém que tirará proveito do blog, mesmo que não haja comentários muito expressivos.
Quando nos abalançamos para um projecto como este, temos de satisfazer em primeiro lugar os nossos interesses, tudo o resto vem por acrescento.
Por isso lhe peço, não desista que pelo menos eu tiro proveito do blog e comento sempre que possível.
Parabéns pelo segundo aniversário.
Blogues há muitos...mas com interesse...poucos.
"Ao contrário do que pensamos quando somos jovens, não é com a idade que envelhecemos. É com a perda. Por isso (e não por causa da medicina ou da cosmética) se envelhecia mais cedo antigamente do que hoje."
Olá, Clara.
Lamento contradizer-te, mas não é com a perda que envelhecemos, caso contrário morriam todos aos quarenta. Poderá ser o que sentes, mas deves combater esse estado de espírito.
Infelizmente, com a perda, amadurecemos. Tornamo-nos mais reais, no sentido de percepcionarmos que o nosso mundo não é indestrutível, que as pessoas que amamos não andarão por cá eternamente (nem nós). É duro, mas é a verdade.
Eu sei da tristeza de uma perda dessas. Dói, moí, mas não nos deve tirar o alento. Até porque esses faróis sempre tiveram a esperança de que um dia nos pudéssemos orientar sozinhos, pois sabiam que a sua luz não iria durar eternamente (a visível, pelo menos). Manter a alegria de viver é a melhor homenagem que podes fazer ao teu pai. E uma das formas de o conseguires será, com certeza, mantendo esse "laço invisível" de que falas. Força!
Parabéns pelo 2º aniversário do blog (com mais ou menos postagens, mas sempre com qualidade!).
Um abraço!
Parabéns pelo aniversário! No meu http://eraumavezumrapaz.net/ já lá vão quase 4 anos e meio, e tem períodos de todos os géneros: meses sem nada ou fluxo total em pouco tempo.
Naquele ponto particular que referiu, acerca de perda, percebo que envelheça, mas tal como disse Gaspar, não se envelhece tanto como se amadurece, nada do que eu possa escrever influencia em nada do que sente agora, mas a verdade é que os anos que perdemos com a perda recuperamos com a maturidade que vem junto. Continue, vou continuar a ler, apesar de ser ainda um visitante recente.
Cheers
Muitos parabéns! Beijinhos, Antonio
Prá frente, Clara! Não és tu uma mulher de armas? È só uma outra etapa...
Clara,
não estamos preparados para lidar com a morte, porque o Homem foi programado para a vida.
Aniversariar, natalício ou não, é a dádiva que temos de aprender a contar os nossos dias, e uma das bençãos da vida é a experiência que os anos vividos nos concedem.
Pequenos sinais de felicidade traduzem-se em optimismo, fé e esperança.
Força!
Um abraço
parabéns Jacinto
G:)
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