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11 fevereiro 2009

Doação do espólio de Joly Braga Santos à Biblioteca Nacional de Portugal


No próximo dia 17 de Fevereiro, pelas 16h00, terá lugar na Biblioteca Nacional de Portugal a cerimónia de assinatura do Termo de doação do Espólio de Joly Braga Santos, cerimónia que contará com a presença da Secretária de Estado da Cultura e com a intervenção do compositor e musicólogo Alexandre Delgado.

Nascido em Lisboa a 14 de Maio de 1924, José Manuel Joly Braga Santos revelou desde muito cedo um elevado talento musical tendo iniciado estudos de violino aos seis anos. Estudou composição com Luís de Freitas Branco de quem recebeu uma forte influência técnica e estilística na primeira fase da sua produção musical. Aos 24 anos foi para Itália fazer estudos de aperfeiçoamento em Direcção de Orquestra com Herman Scherchen (Veneza, 1948). Mais tarde esteve no estúdio experimental de Gravesano, com Antonino Votto (1957-1958) e fez mais estudos de Composição com Virgilio Mortari (Roma, 1959-1960). A partir do final da década de 50 a sua obra revela também influência destas experiências europeias.
Foi ainda professor de Análise e Técnicas de Composição no Conservatório Nacional de Lisboa, dirigiu a Orquestra da Emissora Nacional e publicou regularmente críticas de música.
Sendo a sinfonia o género em que melhor exprimiu o seu talento criativo, a dimensão, qualidade e diversidade da sua obra musical colocam-no entre os maiores compositores portugueses do Século 20.
Faleceu em sua casa, em Lisboa, a 18 de Julho de 1988.

O espólio documental agora doado é constituído por mais de 100 obras em versão manuscrita, constituídas por música instrumental sinfónica e de câmara, música para piano, para canto e piano, para coro, música de bailado, ópera radiofónica e bandas sonoras para cinema de ficção e documental. Contém ainda cadernos de apontamentos, cerca de 500 espécies impressas (livros, partituras, programas de concertos, etc.) e ainda algumas cópias manuscritas de obras de outros autores (algumas com dedicatória) como Fernando Lopes Graça e Alberto Ginastera, entre outros.

Embora a obra de Joly Braga Santos tenha uma projecção nacional e mundial bastante superior à da maioria dos compositores portugueses do século 20, a doação deste espólio à Biblioteca Nacional de Portugal representa para músicos e para investigadores a possibilidade de contactar directamente com os manuscritos do compositor, explorando assim aspectos menos conhecidos da sua produção musical bem como do seu método de trabalho e do seu processo criativo.

O espólio agora entregue será, futuramente, completado com documentação de carácter biográfico, da qual se destaca a correspondência trocada com músicos portugueses com quem manteve uma relação de recíproca admiração como Fernando Lopes Graça, Luís de Freitas Branco e Álvaro Cassuto.

2 comentários:

José Quintela Soares disse...

Parabéns à BN e à família do compositor pelo bom-senso demonstrado e que nem sempre está presente.

Joly Braga Santos é uma personalidade ímpar no meio musical português, de uma simplicidade que escondia o enorme talento que colocou, e bem, na sua Obra.

Que a BN saiba tratá-la como merece.

MCA disse...

Obrigada pelo comentário. A BN tem-se empenhado muito na recolha de espólios de compositores e eu tive o prazer de trabalhar directamente com a filha do compositor no tratamento e transferência desta documentação. Felizmente, ainda há pessoas que sabem dar valor ao que não tem preço.