Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

31 agosto 2010

Quem diz que a História não se repete?

Muito agradeço à Teresa, do Dias que Voam, o ter-me recordado deste post já com mais de um ano. Na altura, eu não imaginava as polémicas que aí vinham. Inexperiência ou ingenuidade? Talvez as duas coisas. Leiam os caros visitantes da Biblioteca de Jacinto e tirem as vossas conclusões.

Cultura de Férias / Para a Clara




"É do conhecimento público que a Biblioteca Nacional vai fechar a fim de se mudar para as novas instalações na Cidade Universitária. A inauguração está marcada para Dezembro e pensa-se que os livros todos da Biblioteca só poderão estar em leitura em Fevereiro ou Março do próximo ano. Embora seja natural que haja um período de encerramento para mudança, é de estranhar que nesta altura, já tivessem sido fechadas as secções de Jornais e de Literatura. Também vai fechar a secção de História e Ciências Civis, esperando-se que, a partir de meados de Março, os serviços estejam todos encerrados.
Dado que uma grande parte das investigações sobre os diversos aspectos da cultura portuguesa depende da Biblioteca Nacional, como é que para uma mudança tão importante como esta não se põe um número suficiente de empregados a trabalhar de modo que ela se faça num mínimo de tempo? A mudança será também mais demorada porque, por uma questão de rigorosa economia (aproveitamento de espaço) , os volumes têm de ser dispostos nas camionetas que os transportam e nas câmaras de desinfecção segundo os seus formatos. Assim, uma mudança que poderia demorar cerca de três meses vai prolongar-se durante cerca de um ano, período durante o qual quase todas as investigações se suspendem, as teses dos estudantes universitários se interrompem, as bolsas para trabalhos cessam, numa palavra a cultura portuguesa fica de férias durante um ano!
Tive ocasião de percorrer as novas instalações. Verifiquei não apenas a sua largueza e elegância requintada como o seu luxo... Não posso deixar de achar estranho o contraste com a modéstia de recursos demonstrada nos trabalhos de mudança."
Vera Lagoa, 15/4/66
Bisbilhotices, Diário Popular


Fotografia: Biblioteca Nacional, 1961, Artur Goulart

04 agosto 2010

Acordo entre a Biblioteca Central da Marinha e a Biblioteca Nacional de Portugal

«A BCM, que a partir de 1994 integrou o Arquivo Histórico (AH), encontra-se acessível na Web em http://www.marinha.pt/ e está instalada num edifício anexo ao conjunto do Mosteiro dos Jerónimos.
«A BCM é a sucessora da Biblioteca da Academia dos Guardas-Marinhas, e da Biblioteca da Escola Naval, criada por decreto de 1835 de D. Maria II "para difundir... as luzes... na Classe de Marinha do Estado".
«Os fundos da BCM têm várias proveniências, mas no caso dos mais antigos, é de salientar a importância dos recebidos das livrarias dos conventos das antigas Ordens religiosas, extintas no segundo quartel do século XIX, que versam, além de temas náuticos de muito interesse para o estudo dos descobrimentos e da expansão portuguesa no mundo, Literatura, Filosofia, Religião e História, obras clássicas e renascentistas portuguesas, italianas, espanholas, flamengas, alemãs e francesas em edições dos séculos XV a XVIII.
«O facto de desde meados do século XVII até 1910 ter pertencido ao mesmo departamento governamental, Secretaria de Estado primeiro e depois Ministério, a tutela da Marinha e do Ultramar, e desta biblioteca ser a que lhe dava apoio bibliográfico, deu origem à criação de um importante fundo sobre matérias ligadas ao Ultramar e administração ultramarina.
«A BCM, ao longo dos seus 175 anos, tem procurado adquirir as obras de maior significado sobre a Marinha e o mar editadas no país e muitas das estrangeiras mais relevantes, contando actualmente com cerca de 54.000 títulos.
«Importantes legados como os dos Almirantes Gago Coutinho e Teixeira da Mota, dos Comandantes Marques Esparteiro e Nunes Ribeiro e outros, muito vieram enriquecer o vasto património já existente na Biblioteca em matéria de história náutica e de descobrimentos. Dispõe também a BCM de uma considerável colecção de cartas e uma preciosa colecção de atlas.
«Por tudo isto, a Biblioteca Central da Marinha é um importante centro bibliográfico e documental para o estudo de temas de História dos Descobrimentos e Expansão, Ultramar, Marinha e Assuntos do Mar.
«A BCM é pública para livros do acervo geral e restrita aos investigadores credenciados para livros e documentos reservados. A Sala de Leitura da Biblioteca está aberta ao público, de segunda a sexta-feira, de manhã, das 9.30h às 12.30h, e de tarde, das 13.30h às 16.45h.
«O Arquivo Histórico (AH)O Arquivo Histórico da Marinha (AH) é um Departamento da Biblioteca Central da Marinha (BCM), responsável pela conservação da memória da Marinha, nas suas múltiplas actividades - pessoal, navios, organismos, infra-estruturas, e legislação - em áreas geográficas diversificadas, ao longo dos últimos 250 anos.
«As origens do Arquivo remontam ao ano de 1843, quando o Decreto de 15 de Fevereiro reorganizou a Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar e estabeleceu um arquivo a cargo de oficial ou amanuense.
«Os documentos mais antigos do AH remontam aos séculos XVII e XVIII, mas a documentação efectivamente expressiva em termos quantitativos corresponde à produzida nos séculos XIX e XX. Quanto à tipologia documental, esta é variada e altamente especializada, obviamente virada para a História Marítima, agrupando-se em documentação avulsa, códices, documentação encadernada, fotografias, cartografia e planos de navios, planos e desenhos de cartografia urbana.Através dos seus fundos, podem ser estudados temas tão diversificados como, por exemplo, a saúde e evolução da medicina, a alimentação, o desenvolvimento científico, novas tecnologias, construção naval, pescas, marinha mercante e de recreio, emigração, religião, relações internacionais, entre outros.A documentação do AH é ainda enriquecida através da custódia de arquivos particulares, recebidos por doação ou depósito, de militares da Marinha e dos seus descendentes, entre outros, “Alm. Sarmento Rodrigues”, “Moniz da Maia”, etc.
«O Arquivo Histórico possui também uma pequena biblioteca com cerca de 9.000 títulos que servem de apoio aos investigadores, destacando-se roteiros dos Séculos XVIII e XIX, legislação, manuais escolares, astronomia, etc.A Sala de Leitura do AH encontra-se aberta ao público em geral, de segunda a sexta-feira, das 14h00 às 18h00, sendo possível requisitar documentação até às 16h30.»

02 agosto 2010

Bolseiros da FCT não são prejudicados pelas obras - Artes - DN

«Investigadores podem recorrer, sem custos, a outras bibliotecas ou pedir uma entrevista para ter solução individual.
«Os investigadores bolseiros da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) que estão a desenvolver o seu trabalho na Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) e que "tenham necessidades inadiáveis de consulta de documentação não supríveis até ao encerramento [ da BNP para obras] e sem alternativas noutras instituições" poderão solicitar uma entrevista para que o seu caso seja analisado e se possam encontrar soluções.
«A BNP tenta assim minorar o impacto do encerramento da principal sala de leitura, de 15 de Novembro a 1 de Setembro do próximo ano, devido à realização de profundas obras de remodelação na torre de depósitos. As obras na BNP têm causado alguma polémica, tendo sido mesmo lançada uma petição contra encerramento, já assinada por 3900 pessoas e na qual se diz que "a indisponibilização dos acervos da BNP comprometerá a viabilização de projectos em curso, muitos deles com financiamento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior ou de outras instituições, e porá em causa o cumprimento de calendários e compromissos académicos estabelecidos."
«Para que isso não aconteça, Jorge Couto, director da BNP, relembra que o serviço de empréstimo interbibliotecas continuará em funcionamento, assim como os meios normais de requisição de obras em microfilme. No entanto, a BNP está disponível para encontrar soluções individuais para os bolseiros da FCT que têm cartão de leitor da BNP, cujos prazos coincidam com o encerramento e que necessitem de obras que apenas existem na BNP.
«Esta não é a única medida que visa reduzir o impacto do encerramento dos principais serviços da BNP durante quase onze meses. Assim que foi possível confirmar o calendário das obras, a BNP começou a "contactar bibliotecas, quer na área de Lisboa, quer no resto país, para estabelecer acordos de cooperação que permitissem dispor de uma rede de alternativas ao essencial das colecções da BNP", explica Jorge Couto.
«Para já, estão firmados acordos para que os leitores da BNP possam consultar, sem custos adicionais, as bibliotecas da rede da Universidade de Coimbra (cerca de 70 bibliotecas com um espólio de dois milhões de volumes), da Academia das Ciências de Lisboa, da Assembleia da República, da Sociedade de Geografia de Lisboa, da Fundação Calouste Gulbenkian, da Fundação para a Ciência e Tecnologia, da Câmara Municipal (com a sua rede de bibliotecas e a hemeroteca) e a Biblioteca Cen-tral da Marinha. "Poderá haver mais mas este são os acordos já assinados e que, em certos casos, poderão, implicar a alocação de meios humanos e materiais para acolher um maior número de leitores do que é habitual", diz o director.»