Hoje é dia mundial da Mulher.
Desde já confesso que não sou sensível à efeméride. Não tenho o hábito de mandar mensagens às amigas dizendo o quanto elas são lindas e maravilhosas e fico um bocado surpreendida se algum colega de trabalho me felicita pelo dia. Não percebo a celebração. Quando me falam do movimento feminista, desde as primeiras sufragistas às que, ainda hoje, nos países islâmicos, lutam e arriscam a vida para dar alguma dignidade às mulheres, não posso senão concordar. Mas isso justificaria um dia mundial do Feminismo o qual eu celebraria com agrado. O Feminismo, enquanto luta pelos direitos de cidadania das mulheres, é uma causa à qual sou sensível. Se hoje eu posso estar aqui a discorrer livremente sobre este e qualquer outro assunto, devo-o a todos aqueles e aquelas que, antes de mim, lutaram pelos meus direitos enquanto cidadã numa sociedade livre e democrática.
Já não compreendo o feminismo que pretende elevar a mulher a uma espécie de superioridade moral em relação aos homens. Esse discurso, aliás, já é antigo e é machista: não há muitos dias li num jornal dos anos quarenta um artigo em que um cavalheiro defendia as mulheres ilibando-as de culpas no estado da humanidade (decorria a segunda guerra mundial) já que elas não tinham qualquer peso nas decisões políticas. Não vou perder tempo a discorrer sobre Margareth Tatcher ou Angela Merkel...
Eu gosto dos homens. Relacionei-me e relaciono-me com eles de diversas formas: tive Pai, tenho irmãos, tenho amigos, tive namorados e tenho marido. Conheço-os com todos os defeitos e com todas as qualidades. São amigos leais e atentos, são muito mais frágeis do que querem parecer e - ao contrário da maioria das mulheres - gostam das mulheres e não se acham superiores a nós.
Nunca ouvi um homem dizer mal das mulheres de forma generalizada, ao contrário do que já tenho ouvido (e lido) às mulheres. Na verdade, mesmo no passado, quando o papel político e social das mulheres era nulo ou diminuto, milhões de páginas foram escritas por homens a dizer maravilhas das mulheres. Os maiores tesouros das artes - em particular da poesia - foram escritos em honra de mulheres. Nós não precisamos de nos auto-elogiar porque os homens encarregam-se de o fazer há séculos.
Pelo contrário, é muito raro ouvir ou ler uma mulher a ser elogiosa com os homens. Por isso, neste dia mundial da Mulher, quero evocar Maria Teresa Horta, uma grande Mulher, feminista, poeta extraordinária que tem a rara ousadia de escrever sobre o homem e de cantá-lo com lirismo.
Poema antigo
O homem que percorro
com as mãos
e a lua que concebo
na altitude
do tédio
Só
o oceano
penso paralelo - ventre
à praia intacta
das janelas brancas
com silêncio
ciclamens-astros
entre as vozes que calaram
para sempre
o verbo - bússola
com raiz - grito de relevo
O homem que percorro
com as mãos
a estátua que consinto
a lua que concebo.
Já não compreendo o feminismo que pretende elevar a mulher a uma espécie de superioridade moral em relação aos homens. Esse discurso, aliás, já é antigo e é machista: não há muitos dias li num jornal dos anos quarenta um artigo em que um cavalheiro defendia as mulheres ilibando-as de culpas no estado da humanidade (decorria a segunda guerra mundial) já que elas não tinham qualquer peso nas decisões políticas. Não vou perder tempo a discorrer sobre Margareth Tatcher ou Angela Merkel...
Eu gosto dos homens. Relacionei-me e relaciono-me com eles de diversas formas: tive Pai, tenho irmãos, tenho amigos, tive namorados e tenho marido. Conheço-os com todos os defeitos e com todas as qualidades. São amigos leais e atentos, são muito mais frágeis do que querem parecer e - ao contrário da maioria das mulheres - gostam das mulheres e não se acham superiores a nós.
Nunca ouvi um homem dizer mal das mulheres de forma generalizada, ao contrário do que já tenho ouvido (e lido) às mulheres. Na verdade, mesmo no passado, quando o papel político e social das mulheres era nulo ou diminuto, milhões de páginas foram escritas por homens a dizer maravilhas das mulheres. Os maiores tesouros das artes - em particular da poesia - foram escritos em honra de mulheres. Nós não precisamos de nos auto-elogiar porque os homens encarregam-se de o fazer há séculos.
Pelo contrário, é muito raro ouvir ou ler uma mulher a ser elogiosa com os homens. Por isso, neste dia mundial da Mulher, quero evocar Maria Teresa Horta, uma grande Mulher, feminista, poeta extraordinária que tem a rara ousadia de escrever sobre o homem e de cantá-lo com lirismo.
Poema antigo
O homem que percorro
com as mãos
e a lua que concebo
na altitude
do tédio
Só
o oceano
penso paralelo - ventre
à praia intacta
das janelas brancas
com silêncio
ciclamens-astros
entre as vozes que calaram
para sempre
o verbo - bússola
com raiz - grito de relevo
O homem que percorro
com as mãos
a estátua que consinto
a lua que concebo.
Sem comentários:
Enviar um comentário