Perdoa-nos, Salgueiro Maia, onde quer que estejas. Perdoa esta geração para a qual arriscaste carreira e vida e que desbaratou perdulariamente a Democracia e a Liberdade que tu quiseste dar-nos. Perdoa-nos, Salgueiro Maia. Jamais seremos suficientemente gratos mas bastava que não fôssemos ingratos, afinal. A minha geração que é a dos Coelhos, dos Sócrates, dos Seguros, é a vergonha deste país. Jamais permitirei que digam que o povo português é cobarde enquanto houver a tua memória. Mas esta geração, à qual não me orgulho de pertencer, ficará na História como a geração mais ingrata de que há registo. Agimos como meninos de família a espatifarem ferraris pagos pelos papás com o dinheiro que eles ganharam a pulso. Nós espatifamos a Democracia, a Liberdade e o Patriotismo e fazêmo-lo com o desplante de quem nunca teve de mexer um dedo para os ganhar. Perdoa-nos, Salgueiro Maia. Eu sei que não somos todos iguais como não o eram os da tua geração. A diferença é que, na tua geração, destacaram-se Homens como tu. Na minha destacam-se os invertebrados que levam a tua obra à ruína. Perdoa-lhes porque não sabem o que fazem e perdoa-nos porque já não sabemos o que fazer.
09 setembro 2012
06 setembro 2012
Fogos florestais
Como é que é possível que, ano após ano, todos os anos, desde há décadas, aconteça o mesmo e se continue a não fazer nada, absolutamente nada?!?
Todos os anos milhares de hectares ardem, todos os anos famílias ficam sem nada, todos os anos morrem bombeiros, todos os anos são detidos uns incendiários para interrogação e libertados a seguir. Todos os anos a mesma coisa! De que serve a palhaçada das campanhas de sensibilização?!? Querem fazer de nós parvos e lá vão conseguindo. A Comunicação Social colabora na farsa: fala dos fogos florestais como se fossem uma fatalidade que chega sazonalmente, como se fossem naturais e inevitáveis, como os furacões no Golfo do México, os tornados no Kansas ou as monções na Índia. Não acredito em acidentes nem acasos, muito menos em fatalidades. Os incêndios acidentais também existem mas são uma fracção dos incêndios em Portugal. Não é por acidente que começa um incêndio no alto de uma serra ou num sítio de difícil acesso. Não é por acidente que começa um incêndio em vários pontos em simultâneo e a meio da noite. É necessário investigar as motivações e identificar não só os incendiários mas os mandantes. Investigar a relação entre os incêndios e os negócios do imobiliário, das madeiras e até os negócios associados ao combate aos incêndios. Quem ganha com os incêndios? É aí que está a resposta.
O fogo posto não é um crime contra o património como assaltar uma casa, não é um crime ambiental como poluir uma ribeira. O fogo posto é um acto de terrorismo e é urgente tratá-lo como tal.
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