A banda sonora da minha vida passa por Fausto. O Despertar dos Alquimistas, Por Este Rio Acima, Para Além das Cordilheiras…
Já não ouvia esta música – A Memória dos Dias – há quase vinte anos. O vinil, lá em casa, deixou de girar no prato. Nunca comprei o CD. Quando o ouvi, há minutos (posto por uma amiga no Facebook) todos os detalhes estavam na memória, como se o tivesse ouvido ontem.
A memória dos dias é, para mim, a memória de um amor antigo que também gostava de Fausto e conquistou o meu coração com uma cassete de Por este Rio Acima com os nomes das canções escritos em letra miudinha e que ainda tenho em casa mas não sei onde.
E isto dos amores antigos são como os frascos de perfume vazios: guardam-se bem fechados, no escuro do armário, e cheiram-se muito tempo depois.
Graças a Deus não perdi a memória nem a ternura.
Correste a dizer que o dia vinha às portas da saudade
E cobriste de mil flores as varandas da cidade
Ao cantar enrouqueceste mil canções feitas à toa
Dançaste todas as ruas embriagadas de Lisboa
Leste os clássicos do tempo como toda a novidade
E a sonhar adormeceste no prazer da liberdade
Inventando mil amigos
Esquecendo velhos perigos
Acordaste em sobressalto do teu sonho meio ferido
Dos confins do pesadelo, no limite dos sentidos
Soçobrado na ideia mais ou menos dolorosa
Que te negavam medonhos o teu plano cor-de-rosa
E na fúria dos enganados, na febre dos desvalidos
Na razão dos maltratados entre abraços desabridos
No delírio prematuro
Ainda foste forte e duro
Roda a espiral da história entre as garras da agonia
Diz adeus, oh, meu amor, que eu hei-de voltar um dia
E deixo-te uma palavrinha para te lembrares de mim
Perfumada pelo cravo, amanhã pelo alecrim
Deixo-te uma palavrinha
Para te lembrares de mim...
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