Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz
Não me fazem ver que a luta é pelo meu país
Eu não quero pagar depois de tudo o que dei
Não me fazem ver que fui eu que errei
Não fui eu que gastei
Mais do que era para mim
Não fui eu que tirei
Não fui eu que comi
Não fui eu que comprei
Não fui eu que escondi
Quando estavam a olhar
Não fui eu que fugi
Não é essa a razão
Para me querem moldar
Porque eu não me escolhi
Para a fila do pão
Este barco afundou
Houve alguém que o cegou
Não fui eu que não vi
Eu não quero pagar por aquilo que eu não fiz
Não me fazem ver que a luta é pelo meu país
Eu não quero pagar depois de tudo o que dei
Não me fazem ver que fui eu que errei
Talvez do que não sei
Talvez do que não vi
Foi de mão para mão
Mas não passou por mim
E perdeu-se a razão
Todo o bom se feriu
foi mesquinha a canção
Desse amor a fingir
Não me falem do fim
Se o caminho é mentir
Se quiseram entrar
Não souberam sair
Não fui eu quem falhou
Não fui eu quem cegou
Já não sabem sair
Meu sonho é de armas e mar
Minha força é navegar
Meu Norte em contraluz
Meu fado é vento que leva e conduz.
15 setembro 2015
10 setembro 2015
A política
«A política é uma occupação dos ociosos, uma sciencia dos ignorantes uma riqueza dos pobres e uma fidalguia dos plebeus. – Reside em S. Bento».
Eça de Queirós In: As farpas: chronica mensal da política das letras e dos costumes. Janeiro de 1872 / Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz. Lisboa: Typographia Universal, 1871)
09 setembro 2015
A gargalhada
«A unica critica é a gargalhada! Nós bem o sabemos: a gargalhada nem é um raciocínio, nem uma idéia, nem um sentimento, nem uma critica: nem é o desdém, nem é a indignação; nem julga, nem repelle, nem pensa; não cria nada, destroe tudo, não responde por coisa alguma. E no entanto é o único inventario do mundo político em Portugal. Um Governo decreta? gargalhada. Falla? Gargalhada. Reprime? gargalhada. Cae? gargalhada. E sempre esta politica, aqui, ou pensando ou creando, ou liberal ou oppressiva, terá em redor d’ella, diante d’ella, sobre ella, envolvendo-a, como a palpitação d’azas de uma ave monstruosa, sempre, perpetuamente, vibrante, cruel, implacavel – a gargalhada! Política querida, sê o que quiseres, toma todas as atitudes, pensa, ensina, discute, oprime – nós riremos. A tua atmosfera é de chalaça.»
Eça de Queirós In: As farpas: chronica mensal da política das letras e dos costumes. Julho de 1871 / Ramalho Ortigão, Eça de Queiroz. Lisboa: Typographia Universal, 1871)
Subscrever:
Mensagens (Atom)