Esta é uma modernice de linguagem que, felizmente, ainda não se vulgarizou na forma escrita, pelo menos deste lado do Atlântico. Na linguagem oral, porém, é cada vez mais usada.
Na origem da tecla "Del" está a palavra deleatur (do latim, apague-se)
símbolo de revisão tipográfica usado para indicar a supressão de uma palavra ou frase.
Deleatur é a 3ª pessoa do singular do presente do conjuntivo passivo do verbo latino deleo, que significa suprimir, destruir, apagar (Houaiss).
Quem não conhece a famosa frase (digna do Irão no seu melhor) Delenda Carthago! (Cartago tem de ser eliminada!) com a qual Catão terminava todos os seus discursos?
O mais curioso é que as pessoas que dizem "deletar" desconhecem que existe uma forma portuguesa para a palavrinha abreviada na tecla "Del" do teclado do seu computador: o inglês delete pode (e, no meu entender, deve) ser traduzido por "delir" (Houaiss).
Vá lá, não custa nada. Tem menos letras, é mais rápido de dizer e é português do melhor.
Conjugação do verbo delir.
21 julho 2008
Modernices de linguagem: Deletar
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13 comentários:
Epá, "delir" é completamente novidade para mim. Está-se sempre a aprender...
Será quase "delírio" que "delir" entre nos nossos vocábulos diários, mas que seria quase "delirante"...isso seria.
Boa noite Clara
como bem refere, Delenda est Carthago, assim se insurgia Catão, o Velho, o estadista romano
As palavras, porque têm vida própria, migram. Assim aconteceu com o delete, chegada ao inglês (ramo germânico, sim) mas por via do francês (ramo românico), tendo a sua origem no Latim
dĕleo, -evi, -etum, delere =destruir
Por mim, não concordo, integralmente, com o Dicionário Houaiss, quando este refere
o inglês delete pode e deve ser traduzido por "delir".
Poder, pode; dever, já não sei se deve, e isto porque delir implica uma ideia de dissolução, algo que se dilui, sendo usado enquanto apagar apenas em sentido figurado.
À falta de melhor, tudo bem. Contudo, porque delere remete directamente para o destruir, creio que, em breve, deletar estará nos dicionários de língua portuguesa [se é que em alguns não consta já], não como uma modernice ou atentado, mas, num retorno às origens, assim regressando a uma língua românica, o nosso Português, retomando o seu lugar de direito.
abraço
Encontrei, entretanto, esta página
http://www.geocities.com/gene_moutoux/latinderivatives.htm
Latin Derivatives
English Words from Latin
não consta o delete mas tem uma mostra interessante.
Teresa, o "pode e deve" não é do Houaiss, é meu. Peço desculpa se dei a entender isso. Mas vou já delir do texto esse equívoco :-)Muito obrigada pelo seu contributo!
:)) estou a sorrir... entre o delir e o deletar nada como apagar...
por curiosidade, fui`ao site abaixo e pesquisei ambos, diz que nem um nem outro constam do banco de verbos. Contudo, sugerem, tomando como base o partir, uma eventual conjugação...
Presente do Indicativo
eu delo
Mais-que-perfeito do Indicativo
eu delira
Futuro do Presente do Indicativo
eu delirei
:)) veja o resto, que é engraçado
http://linguistica.insite.com.br
/cgi-bin/conjugue
Peço desculpa, as sugestões anteriores referiam-se a delir, também as há, a partir do cantar, para o eventual deletar
:)
a aprender. obrigado
O Camilo usa várias vezes o verbo delir mas, tanto quanto me lembro, sempre no particípio passado: delido.
E eis quanto resta do idílio acabado
E eis quanto resta do idílio acabado,
- Primavera que durou um momento...
Como vão longe as manhãs do convento!
- Do alegre conventinho abandonado...
Tudo acabou... Anémonas, hidrângeas,
Silindras, - flores tão nossas amigas!
No claustro agora viçam as urtigas,
Rojam-se cobras pelas velhas lájeas.
Sobre a inscrição do teu nome delido!
- Que os meus olhos mal podem soletrar,
Cansados...E o aroma fenecido
Que se evola do teu nome vulgar!
Enobreceu-o a quietação do olvido.
Ó doce, ingénua, inscrição tumular.
Camilo Pessanha
Clepsidra
Pois é :) que giro, nunca me tinha dado conta. Obrigada!
Abraço
Por acaso referia-me ao outro Camilo, ao Castelo-Branco! Entretanto, lembrei-me de uma situação em que usamos vulgarmente esse verbo, sem nos darmos conta: aquelas canetas para escrever no acetato (e nos sacos para o congelador... Ui! conversa de dona de casa!) são em tinta indelével.
:0
Fiquei mesmo de boca aberta ;)
E ainda dizem que a língua portuguesa está desadequada ao mundo moderno (eh, eh, eh)
Sempre a aprender...
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