Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

27 outubro 2008

Jacinto XXI

Lanço a partir de hoje um desafio aos visitantes d'A biblioteca de Jacinto:

Como seria o Jacinto Galião, hoje, neste início de Séc. 21?

A minha ideia é recriar o "boneco", a personagem, quer no seu perfil psicológico quer nas suas características físicas, quer ainda nos seus hábitos, no seu comportamento, no seu habitat. Imaginemos que um escritor de hoje (ou um realizador de cinema) decidia rescrever a Cidade e as Serras mas perfeitamente adaptadas à realidade de hoje. Como seria este Jacinto?

Não se esqueçam que o Jacinto Galião é um estereótipo por isso temos de lidar com os esterótipo de hoje para redesenhar a personagem.

O desafio começa aqui, hoje, dia 27 de Outubro de 2008 e acabará em data incerta.

Vou receber todas as sugestões e também darei algumas, claro.

Periodicamente, sob o título Jacinto XXI, irei publicando as propostas até chegarmos a um retrato completo.

Para ajudar vou começar pela minha ideia (que entretanto pode mudar) do Jacinto Galeão no séc. XXI.

Jacinto Galião, herdeiro aristocrata português do séc. XIX, vivia na Cidade Luz, Paris.

Jacinto Galião, herdeiro da alta finança portuguesa do séc. XXI, vive onde? Eu acho que vive na Big Apple, Nova Iorque.

E pronto, está lançado o desafio. Fico à espera das vossas propostas.
E espero que se divirtam a imaginar o Jacinto Galião do Séc. XXI.

24 outubro 2008

Fotografias da Biblioteca de Arte da FCG (2)

Passo a chamar a atenção para esta notícia do site da Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian:

«Completam-se no final de Outubro três meses do início do projecto desenvolvido pela Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian de divulgação das suas colecções de fotografia no FLICKR e de captação de novos públicos (http://www.flickr.com/photos/biblarte).

«Ao longo deste período os resultados excederam claramente as expectativas iniciais: mais de 100.000 visualizações, 315 membros do FLICKR que se inscreveram como contactos, visitantes de todo o mundo, desde os Estados Unidos à China, para além de um número significativo de portugueses residindo no estrangeiro. De acordo com os resultados publicados recentemente pelo barómetro E.Life Seara.com/Meios & Publicidade que analisa as "marcas" mais referidas na blogosfera portuguesa, a Fundação Calouste Gulbenkian conquistou o primeiro lugar destronando outras instituições da área da cultura como o Centro Cultural de Belém, a Fundação de Serralves ou a Casa da Música. [...]»

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20 outubro 2008

Brilhante weblog

A biblioteca de Jacinto foi amável e imerecidamente galardoada com o prémio "Brilhante weblog"

pelo blogue amigo Sou o que sou: EU. Muito agradeço à Liliana F. Verde.

Tal como sucedeu com o prémio É um blogue muito bom, sim senhora!, também agora devo nomear outros blogues (neste caso sete) para este «galardão».

Ficam excluídos, naturalmente, o blogue que me nomeou agora, o blogue que me nomeou anteriormente para o outro prémio e os blogues que já nomeei anteriormente.

Assumindo, assim, que tenho de escolher, no máximo, sete blogues, vou seleccionar, sectariamente q.b., dois blogues sobre bibliotecas, dois sobre arquivos, um blogue sobre música, um sobre ciência e um de fotografia.

Aqui vai, sem ordem de preferência:

Adrian e Pandora de Gaspar Matos
Bibliotecas portuguesas de José Pedro Silva
Registos de Leonor Calvão Borges
Notas soltas de Pedro Penteado
Opera per tutti de José Quintela Soares
De rerum natura, de vários autores
Carlos Valcarcel

E pronto, agora, caros nomeados, passem a outro e não ao mesmo.

17 outubro 2008

O Senhor Director

O Senhor Director era o Setôr Lino Lopes. Homem extraordinário que hei-de recordar sempre com admiração e afecto. Nunca conheci ninguém - mesmo entre todos os bons professores que tive - que tivesse um tão imenso desejo de ensinar. Ensinar num sentido amplo, no sentido de formar integralmente.

Foi meu professor de português e latim. Não era propriamente um erudito, pelo menos no sentido em que o termo costuma ser usado. Nunca deixou de ser um homem do campo - nem o queria. Vestia com simplicidade, falava com simplicidade e até com um ligeiro sotaque beirão. Amava Torga e Aquilino, amava a rudeza das serras, ensinava-nos coisas sobre os trabalhos do campo, sobre a vida nas aldeias. Com ele aprendi a diferença entre um arado e uma charrua, aprendi coisas sobre tosquias e regadios. Falava dessas coisas durante as aulas, integrando-as nas matérias curriculares. Se tenho uma sintaxe escorreita, a ele o devo. Enquanto dividíamos orações e fazíamos análise sintática arranjava um pretexto para nos ensinar alguma coisa que não estava no programa e para nos transmitir valores éticos. Por vezes, de uma forma um pouco ingénua: "escutarei com atenção os conselhos de meu pai". Frases deste tipo tornaram-se anedota entre os que foram seus alunos, mas anedota carinhosa.

Disse tantas coisas que nunca esqueci! Uma delas reflectia a visão superior que tinha da educação (tanto mais superior quanto, de um homem rural e conservador, essa visão seria menos expectável). Dizia ele que educar deveria consistir em trazer à superfície e desenvolver as capacidades de cada pessoa em vez lhe introduzir conhecimentos: «Educar vem do latim, educo, levar para fora, fazer saír, criar que, por sua vez, originou, ainda no latim, educare, criar, nutrir, amamentar. Aquilo que se faz no ensino é "inducar", induco, trazer para dentro, e isso é o oposto de educar.»
É fácil perceber que também lhe devo o meu interesse pela etimologia.

Durante alguns anos, ainda o fui visitar ao Externato Luís de Camões mas depois reformou-se e perdi-lhe o rasto. A última vez que o vi foi há quase vinte anos, era recém licenciada. Disse-me, nessa ocasião, que desejava voltar para a sua aldeia. Não sei se voltou, se retomou esse convívio telúrico com as ovelhas e as pedras que tanto amava. Também não sei se ainda vive. Ouvi dizer que não. Mais alguém a quem não terei a oportunidade de dizer, de viva voz, obrigada.
Muito e muito obrigada, Setôr Lino Lopes!


A Setôra Susana

16 outubro 2008

Olhares (3): mais férias

Estas duas fotos das minhas férias são a mais recente inclusão no meu espaço do Olhares.com

Porto de Sines. O céu estava carregado e um feixe de luz poente incidia directamente sobre os rebocadores. Mais uns minutos e não conseguiria este efeito.

Praia de São Torpes. Os surfistas retornam a terra firme.

15 outubro 2008

Férias ou Il dolce far niente

Para contrariar o pessimismo do post anterior, aqui vai um cheirinho dos meus últimos dias de férias.

Il dolce far niente...
(Foto de Jorge Afonso)

Vila Nova de Milfontes

O chapéu comprado na oficina do Senhor Godinho, no Cercal. É de pele de vaquinha malhada.
(Foto de Jorge Afonso)

Os últimos minutos do último dia, na praia de São Torpes.
(Foto de Jorge Afonso)

14 outubro 2008

Um ciclo que se fecha

Caríssimos visitantes da biblioteca de Jacinto. Escrevi e editei este texto, neste vosso espaço, há ano e meio. Porque me parece mais actual do que nunca, gostaria de o partilhar de novo convosco.

Um ciclo que se fecha?

Acredito que estamos a atravessar o período de decadência que caracteriza as mudanças de ciclo histórico de longa duração. O facto de nos apercebermos tem a ver com a visão de conjunto que hoje podemos ter e que nos é dada pelos meios que temos ao nosso dispor. Existem muitas pessoas, hoje, que se apercebem disto enquanto, no passado, em outros períodos de decadência, foram muito poucos os que se aperceberam. Isto não invalida que em todas as gerações tenha havido pessoas a dizerem que o mundo estava pior do que quando essas mesmas pessoas eram jovens. Penso que há uma subtil diferença entre a nostalgia de um passado mitificado e uma análise fria do presente, com conhecimento histórico.

Duvido (mas não excluo) de que a civilização ocidental (de tradição greco-romana-cristã), enquanto ciclo de longuíssima duração, esteja a chegar ao fim. Mas não tenho a mais ténue dúvida de que o ciclo que vulgarmente se designa por Idade Contemporânea - mas que é mais longo do que dizem as cronologias, cujo esquisso se situa algures na geração de Voltaire e tem os seus antecedentes nos Descobrimentos portugueses - esse ciclo, dizia, já chegou ao fim. Vão ter que lhe arranjar um nome.
Esse ciclo teve como mínimo denominador comum a procura de modelos de sociedade baseados em valores de justiça e de respeito pela pessoa. Contra a sociedade de ordens, em primeiro lugar, pela valorização do ser humano e do seu potencial enquanto indivíduo e enquanto parte de uma cultura bem como o seu direito à felicidade. Desse ciclo fizeram parte a Revolução Científica, o Iluminismo, a Revolução Americana, a Revolução Francesa, as revoluções nacionais, os socialismos, a Doutrina Social da Igreja, os Direitos do Homem. Como em tudo, houve excessos: a revolução científica dá origem ao positivismo e ao materialismo; a revolução industrial faz crescer o capitalismo a uma supremacia imprevisível; as revoluções nacionais, que nascem socialistas, dão origem aos fascismos; dos socialismos (inicialmente utópicos) nascem as ditaduras comunistas. Mas houve inúmeras coisas positivas: a conquista de direitos laborais, os direitos das mulheres, o fim da escravatura, os direitos sexuais, tudo conquistas da democracia ocidental. Tudo com vista a atingir o tal modelo de sociedade baseado em valores de justiça e de respeito pela pessoa.
Este já longo ciclo corresponde a uma das mais fascinantes épocas que a História regista. Como os mártires do cristianismo primitivo, também milhares de pessoas, em vários pontos do mundo e ao longo de centenas de anos, morreram por ideais que visavam, não um Paraíso para além da morte, mas um paraíso terreno que se afigurava possível graças a uma crença inabalável nas capacidades da humanidade, materializadas num progresso científico sem precedentes: «Quem não admirará os progressos deste século?».

O princípio da decadência, situo-o na Segunda Guerra, não antes. Todas as épocas têm as suas crises de identidade e as do século XIX são crises de identidade, não de decadência. Resultam das transformações sociais demasiado rápidas causadas, em simultâneo, pela Revolução Industrial e pelas revoluções nacionais. São como as pequenas crises sísmicas que servem para ajustar as placas. Estão ligadas ao que se passa hoje na medida em que tudo está ligado com tudo, em maior ou menor escala.
Acho que as grandes tiranias do entre-guerras ainda fazem parte do ciclo anterior, o mínimo denominador comum está lá. São causa da decadência mas não são ainda a decadência. Confundi-las é como confundir o caterpilar com a casa em ruínas. A Segunda Guerra, sim, é a grande martelada. Foi aí que se começou a perder a esperança nas ideologias, nos modelos de sociedade que nos iam tornar a todos mais felizes. Depois do aparente fulgor idealista do pós-guerra, a decadência processa-se e já lá vão mais de 60 anos. Em termos históricos, não é demais para um processo de decadência. As coisas ainda podem piorar muito. Estou convencida que nos espera uma longa idade muito difícil e que vem aí muito sofrimento para a humanidade.

Antes desse ciclo, a procura de modelos de sociedade não existia porque a sociedade era imutável, estava estabelecida à partida, por uma alegada vontade divina (de que a Igreja era a única intérprete) e a felicidade procurava-se depois da morte, não antes.No novo ciclo que iniciamos a procura de modelos de sociedade não existe porque tudo é mutável, tudo é relativizável, não há valores fundamentais, o individuo é a medida de todas as coisas e o egoísmo puro e simples, pragmático e operacional, é uma motivação socialmente aceite porque cómoda e porque, se serve para ti também serve para mim: salve-se quem puder.

Não é uma visão apocalíptica. Se não se der a destruição do planeta, outro ciclo virá, com coisas boas e coisas más, como sempre aconteceu. Mas, nesta fase, vivemos em retrocesso. Nos últimos 15 anos, então, o retrocesso acelerou-se. O fim da guerra-fria gerou uma espécie de euforia, quando parecia que as coisas iam melhorar. Muitas pessoas acreditaram (eu fui uma delas) que vinha aí um ciclo de progresso social, de democracia e liberdade. Acreditaram que o terrorismo ia diminuir ou acabar porque tinha perdido os seus principais mentores. A democracia de tipo ocidental (seja lá o que isso fôr) parecia ser o modelo perfeito que se ia espalhar pelo mundo. Iam acabar as convulsões sociais, as greves, os atentados. O capitalismo selvagem (eufemisticamente rebatizado de neo-liberalismo), esse, não constituía qualquer perigo porque não havia terreno para se desenvolver. Uma sociedade próspera, livre, democrática, seria incompatível com o sistema capitalista e os próprios capitalistas compreenderiam que uma sociedade feliz e democrática consome mais do que uma sociedade pobre e oprimida.
Balelas! O Dr. Jeckil transformou-se em Mr. Hide. Hoje, em vez de duas super-potências que se degladiam, ficou uma só, insaciável de poder, sem moral, sem escrúpulos, sem ideias. Não é um país, parece um país, mas não é. É uma multi-nacional. Já não há povos, há mercados. Já não há países, há economias. O internacionalismo, afinal, não era comunista. Para nos salvar, talvez os extra-terrestres.

Se o Marx tinha razão (e ainda não está provado que não tivesse) o Capitalismo acabará por se auto-destruir. Mas o que ficará depois? É muito difícil prever o que irá acontecer, com base na História, porque nunca uma tão grande decadência ética, social e intelectual coexistiu com um tão brilhante progresso científico e tecnológico. Essa é uma realidade historicamente nova. Enquanto isso, discute-se a diminuição em 15% da fome, nos próximos 10 anos. Ou será 10% nos próximos 15 anos? É irrelevante porque equivale a discutir se os maus são os gnomos ou os duendes: é ficção. No mesmo período de tempo, os E.U. vão enviar uma nova missão à lua. Isso não é ficção.
O que nos resta (para além do suicídio, até porque, no meio disto tudo, estar vivo continua a ser melhor que estar morto)? Resta-nos «cuidar do nosso jardim».

(Editado pela primeira vez em 23 de Abril de 2007)

Começaram as obras na Biblioteca Nacional

O momento histórico do início das obras de ampliação e remodelação da torre de Depósitos da Biblioteca Nacional de Portugal.
Imagem obtida hoje, às 16h55, com a qualidade que o meu modesto telemóvel permite.


Segundo o aviso emitido pela Direcção, «trata-se de uma obra da maior importância que possibilitará ampliar o espaço para receber cerca de 1.200.000 volumes (mais 33 metros em cada piso, além da construção de uma casa-forte de raiz com características anti-sísmicas).
«Permitirá, sobretudo, proceder à integral renovação dos sistemas técnicos no espaço actualmente existente, facto da maior importância para a conservação, em adequadas e rigorosas condições, da mais importante colecção bibliográfica nacional.

«A obra, que se prolongará por 1.020 dias e custará cerca €10.000.000 (dez milhões de euros), provocará, devido à remoção de terras e à construção do prolongamento de um edifício com 15 pisos, inevitáveis transtornos (movimentação de camiões pesados, poeira e ruído) para os quais solicitamos a compreensão de todos os leitores.»

A propósito da conjuntura actual...

... uma pérola!

«Carlos, que caía de sono, perguntou ao Taveira, através doutro bocejo, se vira o Ega no teatro.
- Podera! Lá estava de serviço, no seu posto, na frisa dos Cohens, todo puxado...
- Então essa coisa do Ega com a mulher do Cohen, disse o marquês, parece clara...
- Transparente, diáfana! um cristal!...
Carlos, que se erguera a acender uma cigarette para despertar, lembrou logo a grande máxima de D. Diogo: essas coisas nunca se sabiam e era preferível não se saberem! Mas o marquês, a isto, lançou-se em considerações pesadas. Estimava que o Ega se atirasse; e via aí um facto de represália social, por o Cohen ser judeu e banqueiro. Em geral não gostava de judeus; mas nada lhe ofendia tanto o gosto e a razão como a espécie banqueiro.
Compreendia o salteador de clavina, num pinheiral; admitia o comunista, arriscando a pele sobre uma barricada. Mas os argentários, os Fulanos e C.as. faziam-no encavacar... e achava que destruir-lhes a paz doméstica era acto meritório!
- Duas horas e um quarto! exclamou Taveira, que olhara o relógio. E eu aqui, empregado público, tendo deveres para com o Estado, logo às dez horas da manhã.
- Que diabo se faz no tribunal de contas? perguntou Carlos. Joga-se? Cavaqueia-se?
- Faz-se um bocado de tudo, para matar tempo... até contas!»
(QUEIRÓS, Eça de - Os Maias)

09 outubro 2008

Che

No ano passado toda a gente assinalou os 40 anos da morte do Che (14 de Junho de 1928 — 9 de Outubro de 1967). Eu decidi assinalar os 41, só para ser diferente.
Presenteio-vos com uma belíssima versão (não identificada) do eterno Hasta siempre, Comandante, de Carlos Puebla (1917-1989):


Se não conseguirem ouvir, cliquem directamente neste link

HASTA SIEMPRE COMANDANTE CHE GUEVARA

Aprendimos a quererte
Desde la histórica altura
Donde el sol de tu bravura
Le puso un cerco a la muerte.
Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.

Tu mano gloriosa y fuerte
Sobre la historia dispara
Cuando todo santa clara
Se despierta para verte.
Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.

Vienes quemando la brisa
Con soles de primavera
Para plantar la bandera
Con la luz de tu sonrisa.
Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.

Tu amor revolucionario
Te conduce a nueva empresa
Donde esperan la firmeza
De tu brazo libertario.
Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.

Seguiremos adelante
Como junto a ti seguimos
Y con Fidel te decimos:
Hasta siempre comandante.
Aquí se queda la clara,
La entrañable transparencia,
De tu querida presencia
Comandante Che Guevara.


Carlos Puebla (1917-1989)