A Arca (Catarina Portas - Público) Na próxima 5ªfeira vai ser leiloada uma arca.(..)Esta arca, não é um objecto,´é um Mito. Esta é a arca da qual toda a vida ouvimos falar sem nunca a ver - até se tornar pura lenda e absoluta metáfora de toda uma vida. Pois precisa o catálogo do leilão que esta é a "arca utilizada por Fernando Pessoa para guardar e arquivar os seus manuscritos. O seu conteúdo constitui hoje o espólio de Pessoa na Biblioteca Nacional de Portugal." .... A arca está hoje , portanto, vazia de papeis mas cheia, a transbordar, do mito. Muitos sobre ela escreveram, muitos a elevaram a símbolo de uma vida e obra - de uma obra que ultrapassou a vida. Há alguns objectos assim no mundo, poderosamente mágicos, com capacidade de desvendarem segredos, mistérios, universos. Lá dentro estavam guardadas todas as pessoas de Pessoa- António Tabucchi aludiu a uma arca "cheia de gente". E, como também observou Bréchon, "desta massa informe de inéditos, que datam de todas as épocas, podemos tirar todas as "obras" ou "livros" que quisermos". É o que os salteadores da arca de Pessoa têm feito ao longo dos anos. Ao contrário do que os olhos vêem hoje, esta arca não tinha fundo. É uma arca mágica, um pleno mistério. E como escreveu Alberto Caeiro: "O mistério das coisas? Sei lá o que é o mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério."
Achei que ias gostar de ler este texto sobre a Arca do tesouro. Luis
Leilão A venda, que começa em tom de ironia com uma carta de Pessoa a si próprio no dia de aniversário - "Com a regularidade do costume, faço annos este anno no mesmo dia que no anno passado [...]" - prossegue com cartas astrológicas por si traçadas, traduções de Shakespeare, anotações, estudos para poemas, primeiras edições (caso de 35 Sonetos), troca epistolar (nomeadamente com João Gaspar Simões), revistas (Orpheu, Contemporânea, Athena...).
Prossegue ainda, pela vertente mais intimista, com o álbum de selos que sua mãe lhe ofereceu aos 14 anos, com o original do contrato de arrendamento da sua casa na Rua Coelho da Rocha (hoje Casa Fernando Pessoa), em Campo de Ourique (três mil a cinco mil euros) e com iconografia pessoal, cara também à cidade: Pessoa descendo o Chiado (seis mil a dez mil euros) e bebendo ao balcão, cópia da célebre imagem oferecida a Ofélia com a dedicatória "Em flagrante delitro" (quatro mil a sete mil euros).
Que tal comprares alguma coisiita para a Biblioteca de Jacinto?
Grande alegria dará o Estado português aos seus compatriotas, se comprar este importante espólio.É de facto importante que mantenhamos no nosso país as heranças dos nossos génios,mas faça-o honestamente e não tentando sem custo apropriar-se do patrimonio alheio. Considero da maior rectidão os herdeiros terem digitalisado o seu património dando a possibilidade a quem o entender estudar o dito arquivo. Entristece-me ler comentários contra estas pessoas que querem vender aquilo que lhes pertence. A falsa moralidade e a inveja são infelizmente uma caracteristica deste nosso querido povo!
Teresa, num estado de Direito a expropriação não é feita sem custos. Quando há um interesse público o estado expropria e isso é normal. Veja o caso dos terrenos que são expropriados para permitir a passagem de uma auto-estrada, por exemplo. O Estado paga por esses terrenos um valor justo. Se os herdeiros quisessem salvaguaradr este património poderiam vendê-lo em bloco ao Estado e poderiam negociar o preço. Esse é um procedimento normal. Ao colocar o espólio em leilão estão a promover a venda a preços especulativos que o Estado, provavelmente, não poderá cobrir e, o que é pior, estão a permitir a sua dispersão e eventual perda. É muito bonito dizer que o espólio está classificado e não pode saír do país mas quem pode impedir um dos compradores de por no bolso uns manuscritos e levá-los para fora do país? Quem pode obrigá-lo a disponibilizar os documentos para consulta? Se o comprador quiser nunca mais ninguém consulta esses documentos. Eu defendo a expropriação com indemnização, obviamente.
Gosto de música e gosto de cantar. Gosto de ler. Gosto de escrever. Gosto de arte, de design, de artesanato e de fotografia. Gosto de línguas e de linguística. Gosto de papéis velhos. Gosto do meu trabalho. Gosto de férias. Gosto de comer bem. Gosto de passear de carro, de parar nas aldeias e meter conversa com as pessoas, principalmente pessoas de idade. Gosto de pessoas de idade. Gosto da Cidade. Gosto das Serras. Gostava que o Mundo estivesse melhor mas os meus esforços não têm resultado...
*Fantasma é o termo usado nas bibliotecas para designar uma ficha que é colocada em substituição de um livro que se retirou da estante para ir à leitura.
DE VOLTA À PRATELEIRA
RODRIGUES, Ernesto, et al. - O Leão da Estrela WEST, Morris - As sandálias do Pescador WILDE, Oscar - O retrato de Dorian Gray FONSECA, Manuel da - Aldeia Nova RÉGIO, José - O príncipe com orelhas de burro DIDEROT - A religiosa VARGAS LLOSA, Mario - A tia Júlia e o escrevedor LONDON, Jack - A peste escarlate BUCK, Pearl S. - A flor oculta TAGORE, Rabindranath - A casa e o mundo CASTELO BRANCO, Camilo - Eusébio Macário CASTELO BRANCO, Camilo - Anátema FLAUBERT, Gustave - Madame Bovary BALZAC, Honoré de - A mulher de trinta anos CASTRO, Ferreira de - Emigrantes HUGO, Victor - Nossa Senhora de Paris PINTO (Sacavém), Alfredo - Castelos de fantasia REDOL, Alves - Gaibéus CASTRO, Ferreira de - A selva EBENSTEIN, William - 4 ismos DOSTOIEVSKI, Feodor - O jogador QUIGNARD, Pascal - Vie secrète DOSTOIEVSKI, Fédor - Noites brancas CALDWELL, Ian; THOMPSON, Dustin - A regra de quatro BRADBURY, Ray - Fahrenheit 451 ORWELL, George - Mil Novecentos e Oitenta e Quatro PIRES, José Cardoso - A cavalo no Diabo BRANDÃO, Raul - Os pobres DOSTOIEVSKI, Fédor - A voz subterrânea QUIGNARD, Pascal - La leçon de musique QUIGNARD - Le sexe et l'effroi OVÍDIO - A arte de amar PETRÓNIO - Satiricon BOCCACCIO - Decameron STEINER, Georges - Linguagem e silêncio: ensaios sobre a literatura, a linguagem e o inumano HUXLEY, Aldous - Admirável Mundo Novo COHN, Norman - Na senda do Milénio: milenaristas revolucionários e anarquistas místicos na Idade Média COULANGES, Fustel de - A cidade antiga MOREAU, Mário - Giacomo Puccini: o Homem e a Obra SÓFOCLES - Antígona ANDRESEN, Sophia de Melo Breyner - Contos exemplares BRAGA, Mário - Viagem incompleta GOMES, Soeiro Pereira - Esteiros ALEGRE, Manuel - Uma outra memória
5 comentários:
Acredito sinceramente que o Estado não estará distraido...
A Arca (Catarina Portas - Público)
Na próxima 5ªfeira vai ser leiloada uma arca.(..)Esta arca, não é um objecto,´é um Mito. Esta é a arca da qual toda a vida ouvimos falar sem nunca a ver - até se tornar pura lenda e absoluta metáfora de toda uma vida. Pois precisa o catálogo do leilão que esta é a "arca utilizada por Fernando Pessoa para guardar e arquivar os seus manuscritos. O seu conteúdo constitui hoje o espólio de Pessoa na Biblioteca Nacional de Portugal."
....
A arca está hoje , portanto, vazia de papeis mas cheia, a transbordar, do mito. Muitos sobre ela escreveram, muitos a elevaram a símbolo de uma vida e obra - de uma obra que ultrapassou a vida. Há alguns objectos assim no mundo, poderosamente mágicos, com capacidade de desvendarem segredos, mistérios, universos. Lá dentro estavam guardadas todas as pessoas de Pessoa- António Tabucchi aludiu a uma arca "cheia de gente". E, como também observou Bréchon, "desta massa informe de inéditos, que datam de todas as épocas, podemos tirar todas as "obras" ou "livros" que quisermos". É o que os salteadores da arca de Pessoa têm feito ao longo dos anos. Ao contrário do que os olhos vêem hoje, esta arca não tinha fundo. É uma arca mágica, um pleno mistério.
E como escreveu Alberto Caeiro: "O mistério das coisas? Sei lá o que é o mistério! O único mistério é haver quem pense no mistério."
Achei que ias gostar de ler este texto sobre a Arca do tesouro.
Luis
http://dn.sapo.pt/2008/11/09/artes/leilao_pode_atingir_mil_euros.html
Leilão
A venda, que começa em tom de ironia com uma carta de Pessoa a si próprio no dia de aniversário - "Com a regularidade do costume, faço annos este anno no mesmo dia que no anno passado [...]" - prossegue com cartas astrológicas por si traçadas, traduções de Shakespeare, anotações, estudos para poemas, primeiras edições (caso de 35 Sonetos), troca epistolar (nomeadamente com João Gaspar Simões), revistas (Orpheu, Contemporânea, Athena...).
Prossegue ainda, pela vertente mais intimista, com o álbum de selos que sua mãe lhe ofereceu aos 14 anos, com o original do contrato de arrendamento da sua casa na Rua Coelho da Rocha (hoje Casa Fernando Pessoa), em Campo de Ourique (três mil a cinco mil euros) e com iconografia pessoal, cara também à cidade: Pessoa descendo o Chiado (seis mil a dez mil euros) e bebendo ao balcão, cópia da célebre imagem oferecida a Ofélia com a dedicatória "Em flagrante delitro" (quatro mil a sete mil euros).
Que tal comprares alguma coisiita para a Biblioteca de Jacinto?
Grande alegria dará o Estado português aos seus compatriotas, se comprar este importante espólio.É de facto importante que mantenhamos no nosso país as heranças dos nossos génios,mas faça-o honestamente e não tentando sem custo apropriar-se do patrimonio alheio.
Considero da maior rectidão os herdeiros terem digitalisado o seu património dando a possibilidade a quem o entender estudar o dito arquivo.
Entristece-me ler comentários contra estas pessoas que querem vender aquilo que lhes pertence.
A falsa moralidade e a inveja são infelizmente uma caracteristica deste nosso querido povo!
Teresa, num estado de Direito a expropriação não é feita sem custos. Quando há um interesse público o estado expropria e isso é normal. Veja o caso dos terrenos que são expropriados para permitir a passagem de uma auto-estrada, por exemplo. O Estado paga por esses terrenos um valor justo. Se os herdeiros quisessem salvaguaradr este património poderiam vendê-lo em bloco ao Estado e poderiam negociar o preço. Esse é um procedimento normal. Ao colocar o espólio em leilão estão a promover a venda a preços especulativos que o Estado, provavelmente, não poderá cobrir e, o que é pior, estão a permitir a sua dispersão e eventual perda. É muito bonito dizer que o espólio está classificado e não pode saír do país mas quem pode impedir um dos compradores de por no bolso uns manuscritos e levá-los para fora do país? Quem pode obrigá-lo a disponibilizar os documentos para consulta? Se o comprador quiser nunca mais ninguém consulta esses documentos.
Eu defendo a expropriação com indemnização, obviamente.
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