De manhã, enquanto me preparava para saír de casa, ouvi uma crónica na TSF em que se referia a descoberta arqueológica de uma flauta em osso de grifo com trinta e cinco mil anos. No fim da crónica, colocava-se no ar o som de uma suposta "réplica" dessa flauta. Bastam rudimentos de história da música para perceber que uma flauta com 35000 anos nunca poderia produzir aquela melodia. Nem com 5000 anos. Provavelmente, nem com 1000 anos.
Antes mesmo de eu fazer uma pesquisa na Internet, uma colega bem intencionada enviou-me a ligação para o sítio do Público onde está a notícia e a ligação para essa gravação.
O mau jornalismo impera, já sabemos. A ignorância musical campeia, também já sabemos. O problema não está tanto na notícia, a qual resume o artigo apresentado na revista Nature de ontem.
O problema está na "informação" complementar: além do Público não apresentar em "outros recursos" a ligação para o artigo original, o que deveria fazer, remete, nessa secção, para a tal gravação de uma musiquinha tocada numa pseudo-réplica da dita flauta.
Só falta saber: estaria a flauta com 35 000 anos afinada em Lá 440?...
Antes mesmo de eu fazer uma pesquisa na Internet, uma colega bem intencionada enviou-me a ligação para o sítio do Público onde está a notícia e a ligação para essa gravação.
O mau jornalismo impera, já sabemos. A ignorância musical campeia, também já sabemos. O problema não está tanto na notícia, a qual resume o artigo apresentado na revista Nature de ontem.
O problema está na "informação" complementar: além do Público não apresentar em "outros recursos" a ligação para o artigo original, o que deveria fazer, remete, nessa secção, para a tal gravação de uma musiquinha tocada numa pseudo-réplica da dita flauta.
Só falta saber: estaria a flauta com 35 000 anos afinada em Lá 440?...
7 comentários:
Duvido, se é assim tão antiga andará pelos 415 Hz, claro está que depende da qualidade do chifre, sabe-se lá que tipo de ressonâncias terá um Tiranossaurus Rex.
É óbvio que não! Aliás, não pode ter qualquer tipo de afinação que nós conheçamos. O próprio conceito de afinação pressupõe a existência de um padrão, uma distância regular entre os sons o que, obviamente, não existia. Aquilo é um disparate pegado.
Nice blog.
!
Fui ler o artigo e escutar o som :)
não entendo nada de sons ou ressonâncias, mas também me parece muito surrealista.
Uma coisa intriga-me, embora possa ser até um grande disparate, mas o que logo lembrei foi de um livro que li há muitos anos [e que fui agora procurar para ver o autor]
Na Pista dos Assassinos, Sir Sydney Smith, 1962
o dito livro é fascinante - apesar de agora existirem muitos mais nessa matéria -, porque são memórias de um médico legista que resolveu inúmeros enigmas. Um Sherlock real, sempre chamado quando a Lei o exigia. O senhor, residente em Edimburgo, deslocava-se, a pedido, ao Egipto, Ceilão, Nova Zelândia, etc. E lembrei, particularmente, de um caso acontecido no Egipto, em que, através de um pequeno osso da anca, ele descreve o crime e dados incríveis sobre a vítima.
E lembrei disto porque sobreviver 35000 anos, de modo a se poderem tecer tantas conjecturas, me parece delírio.
Na verdade, o jornalismo quando não tem, inventa, acrescenta.
Desapareceu um parágrafo no comentário que faz toda a diferença. Dizia que essa investigação sobre o dito osso egípcio era de um crime ocorrido apenas anos antes. Sendo que o clima seja importante, e a dita flauta apareça na Alemanha [mais frio :) mais a favor da conservação], 30000 anos é, porém, demais para tanto induzir.
[Esse Divagarde, com que seguiu, é meu]
abraço
teresamaremar
Clara,
Obviamente que o meu comentário pretendia ser humorístico.
Tal como o meu, só podia, Miguel :-)
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