Aviso: na biblioteca de Jacinto não se aplicará o novo Acordo Ortográfico.

29 junho 2007

Miguel Esteves Cardoso (1991)

Não tenho por hábito fazer posts à custa de outros blogues. Mas, neste caso, abro uma excepção. Adorei este texto e agradeço ao André Alves Correia tê-lo indicado no Confidências e, naturalmente, ao André Moura e Cunha tê-lo publicado no In absentia.

28 junho 2007

Sol de Inverno (1965)

Nada de confusões! Aqui eu nem era nascida. Mas esta é, para mim, uma das melhores canções de sempre do Festival RTP da canção. Eu nem gosto muito do estilo da Simone de Oliveira mas a música, essa, é mesmo muito bonita. E, numa época em que as músicas não passavam de moda de 3 em 3 meses, ouvi-a repetidamente na rádio, durante os primeiros anos da minha infância. Mais uma que faz a banda sonora da minha vida.

Sonhos que sonhei, onde estão?
Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração,
E não ter o amor, de ninguém?

Beijos que te dei, onde estão?
A quem foste dar o que é meu?
Vale mais não ter coração,
Do que ter e não ter como eu.

Eu em troca de nada,
Dei tudo na vida.
Bandeira vencida,
rasgada no chão.
Sou a data esquecida,
A coisa perdida,
Que vai a leilão.

Sonhos que sonhei, onde estão?
Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração,
E não ter o amor, de ninguém?

Vivo de saudades, amor.
A vida perdeu o fulgor.
Como o sol de inverno,
Não tenho, calor.

Sonhos que sonhei, onde estão?
Horas que vivi, quem as tem?
De que serve ter coração,
E não ter o amor, de ninguém?

Vivo de saudades, amor.
A vida perdeu o fulgor.
Como o sol de inverno,
Não tenho, calor.

26 junho 2007

Gente di mare


Umberto Tozzi e Raf - Gente di mare
Festival Eurovisão 1987.

Há vinte anos! Meu Deus, como o tempo passa!!!...



A noi che siamo gente di pianura
navigatori esperti di citta'
il mare ci fa sempre un po' paura
per quell'idea di troppa liberta'.
Eppure abbiamo il sale nei capelli
del mare abbiamo le profondita'
e donne infreddolite negli scialli
che aspettano che cosa non si sa.
Gente di mare
che se ne va
dove gli pare
dove non sa.
Gente che muore
di nostalgia
ma quando torna
dopo un giorno muore
per la voglia di andare via.
E quando ci fermiamo sulla riva
lo sguardo all'orizzonte se ne va
portandoci i pensieri alla deriva
per quell'idea di troppa liberta'.

Gente di mare
che se ne va
dove gli pare
dove non sa.
Gente corsara che non c'e' piu'
gente lontana che porta nel cuore
questo grande fratello blu.

Al di la' del mare
c'e' qualcuno che
c'e' qualcuno che non sa
niente di te.

Gente di mare
che se ne va
dove gli pare
dove non sa.
Noi prigionieri in questa citta'
viviamo sempre di oggi e di ieri
inchiodati dalla realta'...
e la gente di mare va.

Gente di mare
che se ne va
dove gli pare
dove non sa.
Noi prigionieri in questa citta'
viviamo sempre di oggi e di ieri
inchiodati dalla realta'...
e la gente di mare va.

25 junho 2007

Modernices de linguagem: Antecipar

Voltando às modernices de linguagem, esta é outra que está muito na moda:
Antecipar (do inglês anticipate) em vez de prever.

19 junho 2007

Palmira Bastos (1875-1967)

Fez no passado dia 10 de Maio 40 anos que a grande actriz Palmira Bastos faleceu. Percorrendo o espólio do compositor Augusto Machado encontrei esta nota manuscrita, datada de 1903 - Palmira Bastos tinha 28 anos - que não sei se alguma vez chegou a ser publicada.


Aqui fica o testemunho, quiça inédito, 104 anos depois de ter sido escrito:

«Só aos grandes artistas é dado produzir o que se chama: impressão de arte.
«Palmyra Bastos tem este condão; ella é interprete, creadora e musa: executa, colabora e inspira. A.M.»

Dúvida existencial

«Mas quem sabe se o Diabo não será o Mister Hyde de Deus?»*


*Mário Quintana - Da preguiça como método de trabalho, 1987

12 junho 2007

Olh'ó balão!



Olha o balão, na noite de São João
Para poder dançar bastante com quem tenho à minha espera
Ó-i-ó-ai, pedi licença ao meu Pai, e corri com o meu estudante
Que ficou como uma fera

Ó-i-ó-ai, fui comprar um manjerico
Ó-i-ó-ai, vou daqui pró bailarico
E tenho um gaiato aqui dependurado,
Que é mesmo o retrato do meu namorado

Toca o fungagá, toca o Sol e Dó,
Vamos lá, nesta marcha a um fulambó
Olha o balão, na noite de São João,
Para não andar maçado da pequena me livrei
Ó-i-ó-ai, não sei com quem ela vai, cá para mim estou governado
Com uma outra que eu cá sei
Ó-i-ó-ai, fui comprar um manjerico
Ó-i-ó-ai, vou daqui pró bailarico
Tenho uma gaiata aqui dependurada
Que tem mesmo a lata, lá da namorada

08 junho 2007

Corpus Christi

A festa do Corpus Christi ou Corpo de Deus é, talvez, uma das festas católicas menos compreendidas por crentes e por não crentes. Aparentemente desgarrada do tempo pascal, aparece sempre a uma Quinta Feira, quase sempre em Junho. Os católicos vão à Missa neste dia mas aposto que a grande maioria nem sabe porquê. Os não católicos esfregam as mãos de contentes e aproveitam para ir à praia. Eu, que não vou à Missa nem à praia, explico o que é o Corpus Christi:

O princípio fundamental da fé cristã é a divindade de um homem que viveu na Palestina há cerca de 2000 anos, de nome Jesus, cognominado Cristo (o Ungido) pelos seus seguidores. Este homem, que terá morrido no dia anterior ao Sábado e, para os cristãos, ressuscitado no dia a seguir ao Sábado, teria deixado instruções no sentido de ser periodicamente (ele não especificou a periodicidade) realizada uma cerimónia em que o pão e o vinho fossem abençoados e distribuídos aos crentes numa celebração daquela que ficaria conhecida por Última Ceia e que se teria realizado na véspera da sua crucifixão.

Os cristãos sempre acreditaram que, nesta ceia fundadora, Jesus teria transformado de factu (e não apenas simbolicamente) o pão e o vinho no seu corpo e no seu sangue como antecipação do seu próprio sacrifício. Ao fazê-lo, instituía o sacramento da Eucaristia e os cristãos acreditam também que, de cada vez que repetem este gesto, repetem essa transformação à qual dão o nome de "transubstanciação" (ou seja, transformação de uma substância em outra).

Acontece que a teologia cristã teve os seus altos e baixos durante os primeiros séculos do cristianismo, surgiram muitas "variantes" da doutrina oficial da Igreja e a Igreja tratou de, por diversos meios, uns mais inóquos que outros, fazer valer a sua versão da doutrina. Um desses meios foi a instituição dos dogmas. Os dogmas são crenças que, uma vez estabelecidas, não se discutem mais, deixam de estar sujeitas ao debate teológico. De uma maneira geral, os dogmas só foram estabelecidos como resposta às versões "desviantes" ou seja, às versões consideradas heréticas pela Igreja Católica: temos como exemplos, o dogma da Santíssima Trindade (posto em causa por Ario), o da Virgindade Perpétua de Maria (posto em causa por várias tradições cristãs) e... o da transubstanciação. Pois, esse mesmo. O da transformação real do pão e do vinho no corpo e no sangue de Jesus durante a celebração da Eucaristia. Este dogma (que ainda não era dogma) é posto em causa pelo teólogo Berengário de Tours (999-1086). Apesar de se ter retratado no fim da vida, deixou seguidores - os Berengários - e a Igreja sentiu necessidade de reforçar a crença na transubstanciação, tanto mais que esta era a base do sacramento da Eucaristia. E fê-lo em 1264, pela mão do Papa Urbano IV, com a bula Transiturus a qual instituíu a festa do Corpus Christi, com missa e ofício próprios. Celebra-se no 60º dia após a Páscoa e calha sempre a uma Quinta Feira para acentuar a relação com a Última Ceia, celebrada a Quinta Feira Santa.

E pronto, agora que já sabem porque é têm ordem de soltura na Quinta Feira do Corpo de Deus... que não venha o pessoal do Bloco agora dizer que isto é um estado laico e patati patatá porque eu também gosto de ficar a dormir até mais tarde, mesmo sem ir à Missa nem à praia.

05 junho 2007

Cate Blanchetticelli

A propósito do post anterior: é impressão minha ou esta senhora teve uma sósia, há uns 500 e tal anos atrás?...