Não a compreendo. O acordo ortográfico tem dois grandes proveitos:
1 – Simplifica, racionaliza e aproxima a ortografia da língua falada.
2 – Une duas ortografias (a portuguesa e a brasileira) que ainda não estão demasiado separadas para poderem ser uma só. Com todas as vantagens que isto traz para ambos os povos (sobretudo o português), em traduções, legendagens etc.
Não parece vir a propósito de algo neste post. Mas, para que conste: 1 - Quem ler o texto do AO90 perceberá, sem esforço, que este não unifica nada, criando, ao contrário, centenas de ambiguidades (denominadas facultatividades). 2 - O AO90 não respeita a etimologia das palavras, retirando sentido à ortografia, podendo dizer-se, com rigor, que eclipsa o próprio conceito de ortografia. 3 - O AO90 submete a escrita a um indefinido conceito de oralidade, mediante o uso da expressão "escreve-se como se pronuncia", ignorando, de modo acéfalo, que cada pessoa tem a sua pronúncia. 4 - O AO90 retira racionalidade à escrita, criando estranhas contradições entre palavras derivadas (Egito, egípcio, egiptólogo; fação, faccioso; infeção, infeccioso; facto, fator, fatorial, fático). 5 - O AO90 interfere na pronúncia, ao tornar possível, e provável, o inconveniente e desnecessário emudecimento de vogais, por supressão de consoantes com valor fonético (corretor, corre(c)tor). 6 - O AO90 tem regras absurdas, como a supressão de acentos indispensáveis à compreensão do sentido das palavras (Sindicato interrompe negociações com declaração surpreendente: Para (ou pára?) o trabalho, já!) 7 - O AO90 invoca a fonética para suprimir letras a eito e sem critério, mas mantém, sem razão apresentada, o H inicial (esse, sim, completamente mudo) e o U mudo a seguir ao Q. 8 - O AO90, em nome da unificação, afecta a grafia portuguesa e euro-africana, deixando quase imutável a brasileira, segundo o critério estatístico "eles são muitos, portanto estão sempre certos". 9 - O AO90 só surge porque o Brasil não cumpriu o AO45, que assinou, supostamente, de boa-fé, sendo que as regras do AO90 foram decalcadas da norma brasileira de 1933, numa manifestação do género "o crime compensa" ou "não cumpras o que assinas, porque, mais tarde ou mais cedo, os outros vergam-se". 10 - O AO90 vem dificultar a aprendizagem do Português por estrangeiros, porque entra em colisão com a única língua universal, o Inglês, onde todos (sem excepção) os milhares de palavras afectadas por perda de consoantes eram semelhantes à norma portuguesa (object objecto, factor factor, electric eléctrico, reception recepção, action acção, adoption adopção, etc.). 11 - Consagrando as formas brasileiras, o AO90 vem criar a Língua Brasileira, a qual, ao contrário do que sucedia, se pode afirmar como norma universal do Português, podendo, assim, tornar-se língua de trabalho da União Europeia em substituição do Português. 12 - O AO90 cria certas formas contrárias à tradição portuguesa, como o uso de letra minúscula para designar os meses do ano ou os títulos académicos, honoríficos ou militares, sem que haja motivo bastante e, até, havendo fortes motivos em sentido contrário (os nomes grafam-se com maiúscula). 13 - O AO90 não apresenta vantagens económicas para os portugueses, sendo, inversamente, muito vantajoso para os brasileiros.
Poderia continuar, no mínimo, por mais 4 pontos que considero relevantes, mas não tenho tempo. De qualquer modo, creio já ter expressado o meu ponto de vista. E suponho que o fiz com fundamento racional. É essencial, para não continuar em erro, ler o AO90. E não acreditar nas mentiras difundidas pela propaganda oficial.
Pensei que estivesse a comparar a ocupação da França pelos alemães com a ocupação do português de Portugal com o português brasileiro (por culpa do acordo ortográfico).
Julguei que era esse o tema recorrente no seu blogue. Excusez-moi.
Diogo, também acho bem lembrado embora não fosse essa a intenção. A analogia da imagem é com outra invasão, aquela de que o nosso país está a ser vítima por parte de potências financeiras (troika, banca alemã, banco mundial...). E com o colaboracionismo de Pétain, claro.
Gosto de música e gosto de cantar. Gosto de ler. Gosto de escrever. Gosto de arte, de design, de artesanato e de fotografia. Gosto de línguas e de linguística. Gosto de papéis velhos. Gosto do meu trabalho. Gosto de férias. Gosto de comer bem. Gosto de passear de carro, de parar nas aldeias e meter conversa com as pessoas, principalmente pessoas de idade. Gosto de pessoas de idade. Gosto da Cidade. Gosto das Serras. Gostava que o Mundo estivesse melhor mas os meus esforços não têm resultado...
*Fantasma é o termo usado nas bibliotecas para designar uma ficha que é colocada em substituição de um livro que se retirou da estante para ir à leitura.
DE VOLTA À PRATELEIRA
RODRIGUES, Ernesto, et al. - O Leão da Estrela WEST, Morris - As sandálias do Pescador WILDE, Oscar - O retrato de Dorian Gray FONSECA, Manuel da - Aldeia Nova RÉGIO, José - O príncipe com orelhas de burro DIDEROT - A religiosa VARGAS LLOSA, Mario - A tia Júlia e o escrevedor LONDON, Jack - A peste escarlate BUCK, Pearl S. - A flor oculta TAGORE, Rabindranath - A casa e o mundo CASTELO BRANCO, Camilo - Eusébio Macário CASTELO BRANCO, Camilo - Anátema FLAUBERT, Gustave - Madame Bovary BALZAC, Honoré de - A mulher de trinta anos CASTRO, Ferreira de - Emigrantes HUGO, Victor - Nossa Senhora de Paris PINTO (Sacavém), Alfredo - Castelos de fantasia REDOL, Alves - Gaibéus CASTRO, Ferreira de - A selva EBENSTEIN, William - 4 ismos DOSTOIEVSKI, Feodor - O jogador QUIGNARD, Pascal - Vie secrète DOSTOIEVSKI, Fédor - Noites brancas CALDWELL, Ian; THOMPSON, Dustin - A regra de quatro BRADBURY, Ray - Fahrenheit 451 ORWELL, George - Mil Novecentos e Oitenta e Quatro PIRES, José Cardoso - A cavalo no Diabo BRANDÃO, Raul - Os pobres DOSTOIEVSKI, Fédor - A voz subterrânea QUIGNARD, Pascal - La leçon de musique QUIGNARD - Le sexe et l'effroi OVÍDIO - A arte de amar PETRÓNIO - Satiricon BOCCACCIO - Decameron STEINER, Georges - Linguagem e silêncio: ensaios sobre a literatura, a linguagem e o inumano HUXLEY, Aldous - Admirável Mundo Novo COHN, Norman - Na senda do Milénio: milenaristas revolucionários e anarquistas místicos na Idade Média COULANGES, Fustel de - A cidade antiga MOREAU, Mário - Giacomo Puccini: o Homem e a Obra SÓFOCLES - Antígona ANDRESEN, Sophia de Melo Breyner - Contos exemplares BRAGA, Mário - Viagem incompleta GOMES, Soeiro Pereira - Esteiros ALEGRE, Manuel - Uma outra memória
7 comentários:
Cara MCA,
Não a compreendo. O acordo ortográfico tem dois grandes proveitos:
1 – Simplifica, racionaliza e aproxima a ortografia da língua falada.
2 – Une duas ortografias (a portuguesa e a brasileira) que ainda não estão demasiado separadas para poderem ser uma só. Com todas as vantagens que isto traz para ambos os povos (sobretudo o português), em traduções, legendagens etc.
E isso vem a propósito de?...
Não parece vir a propósito de algo neste post.
Mas, para que conste:
1 - Quem ler o texto do AO90 perceberá, sem esforço, que este não unifica nada, criando, ao contrário, centenas de ambiguidades (denominadas facultatividades).
2 - O AO90 não respeita a etimologia das palavras, retirando sentido à ortografia, podendo dizer-se, com rigor, que eclipsa o próprio conceito de ortografia.
3 - O AO90 submete a escrita a um indefinido conceito de oralidade, mediante o uso da expressão "escreve-se como se pronuncia", ignorando, de modo acéfalo, que cada pessoa tem a sua pronúncia.
4 - O AO90 retira racionalidade à escrita, criando estranhas contradições entre palavras derivadas (Egito, egípcio, egiptólogo; fação, faccioso; infeção, infeccioso; facto, fator, fatorial, fático).
5 - O AO90 interfere na pronúncia, ao tornar possível, e provável, o inconveniente e desnecessário emudecimento de vogais, por supressão de consoantes com valor fonético (corretor, corre(c)tor).
6 - O AO90 tem regras absurdas, como a supressão de acentos indispensáveis à compreensão do sentido das palavras (Sindicato interrompe negociações com declaração surpreendente: Para (ou pára?) o trabalho, já!)
7 - O AO90 invoca a fonética para suprimir letras a eito e sem critério, mas mantém, sem razão apresentada, o H inicial (esse, sim, completamente mudo) e o U mudo a seguir ao Q.
8 - O AO90, em nome da unificação, afecta a grafia portuguesa e euro-africana, deixando quase imutável a brasileira, segundo o critério estatístico "eles são muitos, portanto estão sempre certos".
9 - O AO90 só surge porque o Brasil não cumpriu o AO45, que assinou, supostamente, de boa-fé, sendo que as regras do AO90 foram decalcadas da norma brasileira de 1933, numa manifestação do género "o crime compensa" ou "não cumpras o que assinas, porque, mais tarde ou mais cedo, os outros vergam-se".
10 - O AO90 vem dificultar a aprendizagem do Português por estrangeiros, porque entra em colisão com a única língua universal, o Inglês, onde todos (sem excepção) os milhares de palavras afectadas por perda de consoantes eram semelhantes à norma portuguesa (object objecto, factor factor, electric eléctrico, reception recepção, action acção, adoption adopção, etc.).
11 - Consagrando as formas brasileiras, o AO90 vem criar a Língua Brasileira, a qual, ao contrário do que sucedia, se pode afirmar como norma universal do Português, podendo, assim, tornar-se língua de trabalho da União Europeia em substituição do Português.
12 - O AO90 cria certas formas contrárias à tradição portuguesa, como o uso de letra minúscula para designar os meses do ano ou os títulos académicos, honoríficos ou militares, sem que haja motivo bastante e, até, havendo fortes motivos em sentido contrário (os nomes grafam-se com maiúscula).
13 - O AO90 não apresenta vantagens económicas para os portugueses, sendo, inversamente, muito vantajoso para os brasileiros.
Poderia continuar, no mínimo, por mais 4 pontos que considero relevantes, mas não tenho tempo. De qualquer modo, creio já ter expressado o meu ponto de vista. E suponho que o fiz com fundamento racional. É essencial, para não continuar em erro, ler o AO90. E não acreditar nas mentiras difundidas pela propaganda oficial.
Pensei que estivesse a comparar a ocupação da França pelos alemães com a ocupação do português de Portugal com o português brasileiro (por culpa do acordo ortográfico).
Julguei que era esse o tema recorrente no seu blogue. Excusez-moi.
Bem lembrado!
O ponto 10. tem uma gralha óbvia. Não reli o texto e escapou-me. Percebe-se o sentido. Mas peço desculpa.
Diogo, também acho bem lembrado embora não fosse essa a intenção. A analogia da imagem é com outra invasão, aquela de que o nosso país está a ser vítima por parte de potências financeiras (troika, banca alemã, banco mundial...). E com o colaboracionismo de Pétain, claro.
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